O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, contestou ontem as declarações do ministro Carlos Lupi (Trabalho) de que as empresas beneficiadas por medidas do governo não possam demitir. Skaf também defendeu a redução da jornada de trabalho e de salários para evitar demissões no País sem a garantia de estabilidade de emprego. Na terça-feira, Lupi havia dito que não há motivo para demissões e defendeu que sejam dadas garantias de emprego pelas empresas que recebem incentivos e crédito subsidiado do governo. A declaração do ministro ocorreu no dia seguinte ao anúncio de 744 demissões de temporários na General Motors, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Na semana passada, o ministro defendeu a prorrogação até novembro do prazo de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis, medida adotada pelo governo em dezembro e que acaba em março deste ano. “Salvar empresas é diferente de reduzir IPI, como foi feito pelo governo com a indústria automotiva recentemente. Temos uma carga tributária de 37% sobre o PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil. Essa carga tributária aumentou muito nos últimos 20 anos. (...) O governo desonerar, isso ele sempre fez. Assim como aumenta a carga, faz política setorial e desonera imposto. Não quero crer que isso signifique estar salvando empresas com recursos públicos”, disse Skaf. Segundo o presidente da Fiesp, o ministro não pode estar se referindo a “eventuais empréstimos”, feitos no Banco do Brasil, por exemplo, com elevados custos. “Qualquer um aqui aplica seu dinheiro no Banco do Brasil, que toma aqui e empresta ali. Não me parece que isso sejam recursos públicos”, disse. “O ministro Lupi precisa me explicar. Eu gostaria de conhecer a lista das empresas salvas e a origem dos recursos e a autoridade que está usando dinheiro público para salvar empresas. Eu desconheço empresas sendo salvas com recursos públicos”, disparou Skaf. Os cerca de 30 empresários presentes na reunião do Conselho Superior Estratégico da Fiesp, ontem, foram unânimes em apoiar a medida. “Foi feito um apelo que tudo seja feito, todas as alternativas sejam esgotadas antes de mexer no emprego. As empresas disseram que se tiver redução de jornada com redução de salário, vamos manter o nível de emprego. Se não, vamos demitir. Estamos em um momento atípico e temos de nos adaptar diante de um momento atípico”, disse Skaf. Empresários ligados à Fiesp e trabalhadores representados pela Força Sindical se reuniram ontem na sede da federação paulista para tratar a questão. Segundo Skaf, os dois lados devem orientar seus sindicatos, nos próximos dias, a buscar um entendimento sobre a redução da jornada e dos salários. “O sinal foi dado, para se antecipar e quebrar um paradigma. Esperamos que até quinta-feira se chegue a um acordo. (...) A negociação está sendo feita em São Paulo, mas há empresas com negócios em outros Estados. A Força Sindical é nacional. Deve haver repercussão em outros Estados também”, disse Skaf.
Tribuna da Bahia
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