domingo, 14 de março de 2010

Presidentes do PT em conflito

Dividido por tendências, o Partido dos Trabalhadores (PT) ficou conhecido por seus conflitos ideológicos, protagonizados por militantes e filiados da sigla. Em Pernambuco, as brigas entre o Campo de Esquerda Unificado (CEU), liderado pelo ex-prefeito João Paulo, e a tendência Constuindo um Novo Brasil (CNB), sob o comando do secretário estadual das Cidades, Humberto Costa, tornaram-se bastante frequentes, principalmente, em períodos eleitorais, desde as eleições internas do partido às eleições oficiais. Boa parte da sociedade já está acostumada a ver nos jornais trocas de farpas entre petistas. O PT municipal e o estadual são um exemplo disso. Vivem em “pé de guerra”.
Presidente do PT recifense e integrante do CEU, Oscar Barreto não pensa duas vezes em criticar a política implantada no PT estadual pelo presidente reeleito, Jorge Perez, membro da CNB. Oscar, que dirige a sigla na capital pela quarta vez, garante, no entanto, que as críticas se dão por divergências ideológicas. “Essa é uma disputa de rumo do PT. A disputa dos grupos de esquerda do PT com os grupos mais eleitorais, mais pragmáticos. Esse é o problema”, diz Oscar, em mais uma crítica velada às lideranças da CNB (antiga Unidade na Luta), que, curiosamente, o apoiaram no Processo de Eleições Diretas (PED) em 2002, quando ele foi eleito presidente do PT municipal. Após o rompimento com a tendência, Oscar e membros da CNB, em especial Jorge Perez e Humberto Costa, passaram a se estranhar frequentemente.
Perez afirma, entretanto, que os embates entre as duas direções do partido não existem. Mas não se furtou a reclamar da postura do presidente municipal da agremiação. “Oscar é uma das lideranças do CEU que, infelizmente, diferente de outras lideranças do Campo, não contribui para um debate mais político no partido”, disparou.
Na sua opinião, o PT não precisa de atitudes como a do correligionário. Precisa, segundo ele, de um debate “mais pacífico, mais harmonioso, e de unidade”. “Essa semana (passada) eu fiz um apelo a ele para não acirrar conflitos. Espero que ele tenha ouvido”, ressaltou Perez. De acordo com o dirigente estadual, há diferenças políticas e de opinião, “mas isso não justifica criar conflitos no PT”.
Jorge Perez defende, inclusive, que as lideranças do CEU conversem internamete com Oscar para evitar as brigas. “Oscar é membro de uma corrente e também do CEU. Compete à Mensagem ao Partido e ao CEU discutirem isso com ele para evitar esses conflitos”, observou.
Para o vereador e presidente da Câmara Municipal do Recife, Múcio Magalhães, membro da corrente Articulação de Esquerda - uma das que compõem o CEU -, as diferenças entre as direções petistas se dão porque Oscar toma a iniciativa de entrar no debate estadual e Jorge Perez no debate municipal. “Na definição do nome de João da Costa (para a sucessão de João Paulo), Perez foi para os jornais criticar a escolha do candidato. E isso foi uma iniciativa dele. Então, não é um problema criado só por Oscar”, defendeu Múcio.
Na opinião de Humberto Costa, o presidente municipal do PT faz parte de um “time” de pessoas que não querem o entendimento na legenda. “Infelizmente tem gente que não quer que haja entendimento no PT. Fica sempre procurando criar conflitos. O PT já provou que quando está unido tem melhores resultados”, disse. “Jorge Perez é dirigente do partido e responde (a Oscar) porque ele questiona a legitimidade de Jorge. Só que a pancada é no partido. Jorge tem que defender o partido”, completou. (Folha de Pernambuco)

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