domingo, 28 de março de 2010

Médico de Petrolina e outros profissionais são acusados de acúmulo indevido de cargos

Dr. José Alberto

Da Redação

Segundo levantamentos do Conselho Nacional dos Secretários de Estado de Administração (Consad), foi detectado que 53.793 servidores acumulam mais de dois cargos públicos e 47.360 exercem mais de uma função, embora exista regime de dedicação exclusiva. Outros 36.113 acumulariam ilicitamente mais de um cargo. A maioria dos dados resulta de convênio assinado em 2009 entre o Ministério do Planejamento e o Consad, para troca de informações, visando evitar o acúmulo irregular de cargos públicos. Segundo o presidente da entidade, Sergio Ruy Barbosa, em entrevista ao Jornal O Globo, “foram cruzadas informações de 1,25 milhão de servidores federais e 1,83 milhão de estaduais, incluindo os estados de Pernambuco e Bahia. Os que estão situação irregular podem responder a processo e perder o cargo. A estimativa é de um prejuízo incalculável”, informa.

Fonte: DataSUS

Em Petrolina a situação não é diferente, atualmente o sindicalista e médico do município, Dr. José Alberto, acumula nove cargos, sendo quatro com vínculos empregatícios e cinco como autônomo. De acordo com levantamentos do Ministério da Saúde, através da Secretaria de Atenção à Saúde (DATASUS), o médico ocupa atividades profissionais como professor da Univasf, funcionário do Hospital Dom Malan, Hospital Regional Fernando Bezerra - no município de Ouricuri-PE, além de atividades profissionais na CLINÁLISE e PROGESTAR, sem incluir o cargo de diretor regional do Sindicatos dos Médicos na região.

Procurado por nossa equipe de reportagem, o médico tentou justificar a irregularidade afirmando que “o salário base do médico, segundo a Fundação Getúlio Vargas, foi calculado em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil, isso 20 anos atrás. O médico faria um concurso público igual a um promotor ou juiz, e esse seria o valor do salário dele. Ele só precisaria trabalhar em um único lugar. Hoje o que acontece é que ele faz um concurso para médico para um provimento de cargo que remunera com o salário base de R$ 500”, analisa.

Irregularidade

Vislumbrado com a dedicação do médico, o professor de matemática, Paulo Targino, relata que “pelo visto 24 horas para o médico deve ser pouco para desenvolver tais atividades. Ele deve trabalhar aproximadamente 30 horas ao dia”, ironiza. De acordo com a carta magna da medicina (Código de Ética) “é vedada à vinculação ou equiparação de quaisquer remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público, e ainda, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários observada em qualquer caso”.

Segundo a moradora do bairro Gercino Coelho, Tarciana Menezes Novaes, “humanamente é impossível um médico prestar um bom serviço. E ainda fica difícil o povo acreditar nele como diretor sindical quando se manifesta na imprensa regional afirmando que a situação da saúde no município de Petrolina é caótica e crítica, e que está cumprindo o Código de Ética Médico, fato que não é verdade, pois comprovadamente o diretor sindical rasga o citado código”. Tarciana ainda ressalta que a comunidade necessita do SUS e está insatisfeita com a administração pública e com os profissionais da saúde representados pelo sindicato, pois estes inviabilizam o andamento da saúde no município. “Seria bom que o sindicato fosse mediador e não incentivador da discórdia. Com certeza, esse médico não serve como exemplo para a categoria médica. Todos sabem que a classe ganha muito bem e a maioria não cumpre com suas obrigações, causando enormes prejuízos ao dinheiro público que é mantido pela população. A ganância por dinheiro é grande. Dinheiro não é tudo na vida”, desabafa.

Antônio Carlos dos Santos

Para o diretor regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia APLB – Sindicato, em Juazeiro-BA, professor Antônio Carlos dos Santos, casos idênticos foram detectados no estado. “Recentemente o governo estadual fez levantamentos e detectou alguns médicos e professores ocupando funções acumuladas de maneira ilegal. No total foram 252 casos, sendo que 213 foram detectados em nossa região. O processo administrativo foi aberto e essas pessoas estão sendo obrigadas a abrir mão dos vínculos que não são compatíveis com o que determina a lei. Agora resta à administração municipal de Juazeiro fazer a sua parte em abrir o mesmo processo”, alerta.

Antônio Carlos informa que o Governo Federal fez balanço recentemente, e descobriu mais 176 mil funcionários em situação irregular. “Para a União, causará uma economia de quase um bilhão ao ano”. Questionado sobre quantas atividades ocupa, o professor afirma trabalhar apenas em um cargo público. “Sou professor de 40 horas, lotado no Colégio Municipal Paulo VI. Hoje estou à disposição da APLB-Sindicato, ocupando o cargo de diretor da entidade”, conclui.

O acúmulo de cargos é um problema grave. Em relação aos médicos que cometem este tipo de infração, a situação ainda é pior, pois um pequeno erro pode ser fatal. Uma carga horária extensa e enfadonha compromete consideravelmente a produtividade do atendimento, e quem acaba sendo prejudicado é a população.

Por Manoel Cavalcanti

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