Cristina Laura, da sucursal Juazeiro
As 12 famílias do distrito de Ibó, região de Abaré (530Km de Salvador) que moram em casas à margem da BR 116 e que seriam desapropriadas e indenizadas pelo Governo Federal para construção de uma ponte sobre o Rio São Francisco, reclamam do atraso no pagamento das indenizações e do reinício das obras que estão abalando a estrutura das casas. Sem o dinheiro ou contatos recentes com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte (Dnit), as famílias se dizem prejudicadas depois que homens do Exército retomaram as obras nesta quinta, dia 18.
Informações do Serviço de Engenharia do Dnit asseguram que a documentação referente às indenizações já estão prontas e serão enviadas à Procuradoria, onde serão analisadas e depois encaminhadas à Justiça Federal. A espera pelo pagamento deve acompanhar essa etapa de trabalho do 4º Pelotão de Engenharia do Exército, de Barreiras, que dará continuidade às obras com o aterro dos dois acessos à ponte e deve durar pelo menos quatro meses. A passagem entre Ibó (BA) e Ibó (PE), região de Belém do São Francisco, é feita em travessias de balsas. Na saída das balsas, os carros passam por um pequeno desvio paralelo à BR que leva perigo aos moradores. Isaías Barbosa Soares abandonou a casa onde morava com a esposa e dois filhos. “Uma caminhão tombou e caiu em cima do muro da minha casa derrubando as paredes. Para nossa sorte não havia ninguém em casa na hora. Aluguei outra casa onde estou com minha família, mas os custos são altos e os prejuízos também”, conta o morador, que trabalha numa oficina mecânica no lado baiano da ponte. Da porta de sua casa, a professora Maria das Graças observa a movimentação dos homens do 3º Batalhão de Engenharia do Exército. Também à espera de um contato por parte do Dnit quanto às indenizações, ela mostra as paredes rachadas dentro de sua casa, causadas pela trepidação de máquinas pesadas usadas na obra da ponte e de carretas que passam na estrada, localizada a cinco metros de sua residência.
A liberação da ponte vai facilitar a passagem dos veículos entre os Estados que até então pagavam valores de R$ 12 a R$ 100 pela travessia do Rio São Francisco feita em balsas. O trabalho nas balsas é o único meio de vida de mais de 600 homens numa região onde nem a agricultura está empregando. O balseiro Leandro Gomes dos Santos não sabe o que vai fazer depois que a ponte for liberada. “Nós recebemos um salário mínimo e mais R$0,25 por carro que atravessa e é assim que sustentamos a família”.Uma alternativa defendida pelos balseiros é de que o Governo pague um seguro desemprego a exemplo do que é pago aos pescadores em período de Piracema, “pelo menos durante quatro meses até que todo mundo consiga outro trabalho”, diz Leandro,. Conformados com o fim da atividade, mas preocupados com o futuro, os balseiros aguardam e se reúnem uma vez por mês na associação da categoria para discutir o assunto e tentar enconrar uma solução. A construção da ponte que começou em 23 de abril de 2007. Orçada em R$ 21 milhões, só deve ficar pronta de vez no final do próximo ano. Um segundo projeto, com base nas reivindicações da comunidade local foi elaborado com orçamento de R$ 3,5 milhões e aprovado pela Advocacia Geral da União (AGU).
A Tarde On Line
Foto:Ivan Cruz / Agência A TARDE
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