O “Velho Chico” é um rio dócil, de águas tranqüilas que descem da Serra da Canastra, em Minas Gerais, percorrendo das suas nascentes até o Oceano Atlântico 3.161 quilômetros, abrangendo 640 mil quilômetros quadrados de bacia hidrográfica, envolvendo os Estados de Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além de Minas Gerais e parte do Estado de Goiás.
Correndo no seu curso natural em extrema lentidão, numa velocidade que oscila entre 0,70 cm a 1,10 metros por segundo, o “Velho Chico” parece está dormindo o tempo todo. Em alguns trechos a sua velocidade não atinge nem 7 quilômetros por hora, principalmente na região do Sub-Médio São Francisco, ou seja, entre Juazeiro-Ba. e Pirapora-MG. Entretanto, periodicamente, a cada 3 décadas, nos anos que terminam em nove, ele desperta do seu sono transbordando e elevando o seu nível em até 10 metros em sentido vertical e, sem dó, invade as cidades ribeirinhas alagando e devastando léguas e léguas de lavouras de suas margens, matando gente e bicho, e destruindo o progresso.
Geralmente, as chuvas, nas cabeceiras do "Velho Chico", caem entre outubro e novembro de cada ano, fazendo as águas do rio se avolumar e ficar barrentas. Somente a cada 30 anos o lençol de suas águas engrossa, subindo os barrancos das margens, invadindo as caatingas e fazendas de forma feroz e dominadora, causando o desabrigo de milhares de pessoas. Dessa forma as cidades são invadidas pelas águas do “Chicão”, sofrendo grandes prejuízos materiais.
A última enchente catastrófica aconteceu há 30 anos atrás, ou seja, em 1979, quando na ocasião o rio inundou as cidades ribeirinhas e destruiu da noite para o dia 16 anos de progresso do Vale, além de ter levado ao desabrigo cerca de 250 mil pessoas. Somente em Juazeiro, naquele ano, 800 casas foram destruídas pelas águas, levando ao desabrigo 4.689 famílias que moravam nos bairros da Coréia, Angari, Cajueiro e parte de Maria Goretti.
A maior enchente do São Francisco foi registrada em 1979, em que atingiu mais de 10 metros em sentido vertical. Semelhante à enchente de 1979 foi a que ocorreu em 1919, quando o "rio de barbas brancas" elevou-se a 9 metros e 80 centímetros acima do seu nível normal. Em dias de pique das enchentes do rio, o nível das águas sobe com uma rapidez espantosa atingindo até quatro metros em sentido vertical em uma só noite.
Às vezes, quando o “Velho Chico” transborda no ano que termina em nove, historicamente a enchente do rio volta a acontecer sete anos mais tarde, como a que ocorreu em 1926, que atingiu 9,67 metros, como também, em 1946, quando o "Velho Chico" voltou a se zangar pela quinta vez, subindo 7,68 metros do seu nível normal. A sexta grande enchente se deu em 1949, quando o rio voltou a subir 8,82 metros. Em 1979 completou a sétima grande enchente. A oitava enchente aconteceu em 1980, que atingiu um pouco menos de 8 metros de altura. As graves ocorrências de l979 e 1980 levaram ao desabrigo cerca de 450 mil pessoas.
No próximo mês de outubro de 2009 vai completar 30 anos que ocorreu na região do Vale a última enchente catastrófica. Acredita-se que nesse ano 2009 que se inicia, pode ocorrer outra grave ocorrência pluviométrica nas cabeceiras do rio São Francisco, fazendo acontecer a nona enchente catastrófica no Grande Vale. Deus queira que não!
Se vier a acontecer uma nova tragédia no Grande Vale, a barragem de Sobradinho não suportará o ímpeto das águas da represa de Três Marias, que fica situada na região do Alto São Francisco, no Estado de Minas Gerais. Isto contribuirá para o desaparecimento de cidades inteiras e a mortandade de gente o bicho. Tudo o que pode acontecer está inserido no livro de minha autoria: “O Vale que Desapareceu”, um conto histórico do gênero catástrofe.
*Wilson Dias, é Naturoterapeuta (CRT 23.553); jornalista (DRT/BA 460); e escritor, além de presidente da Associação Baiana de Medicina Natural e Preventiva (ABMNP);
E-mail/MSN para contato: wilson_terapeuta@hotmail.com
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Foto: Josélia Maria
2 comentários:
sou de juazeiro e queria pergunta ao senhor se isso sera possivel msm
fui criado pescando no velho chico ouvindo falar do nego dagua da avó dagua .hoje tenho saudades o rio ta morrendo .tao matando o rio aos poucos jogam lixo .
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