quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Para Lula, parceria com França fará do País potência militar


Ao cimentar a parceria "privilegiada" entre Brasil e França na área da Defesa, com a assinatura de dois acordos que somam US$ 8,3 bilhões, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou claramente seu objetivo de fazer do País uma potência militar. Em discurso ao final da assinatura desses compromissos bilaterais, ao lado do presidente da França, Nicolas Sarkozy, Lula argumentou que a capacidade militar é a condição "inexorável" para que um país "se transforme em uma potência e seja respeitado no mundo inteiro".
"É preciso que o Brasil assuma a grandeza que Deus lhe deu quando criou o mundo e que os nossos diplomatas nos deram quando fizeram a divisão do espaço geográfico, no século passado", afirmou Lula. "É preciso que a gente tenha clareza que, dar importância às Forças Armadas, significa dotar o Brasil de conhecimento tecnológico. É exatamente isso que a França oferece ao Brasil", completou

Sarkozy deixou claro que, ao estimular a parceria entre os governos e as empresas dos dois países na área de Defesa, espera "irradiar" a ação das companhias francesas pela América do Sul. Ou seja, remarcou o fato de que a cooperação Brasil-França está alavancada em interesses econômico-comerciais mais amplos que o da boa-vontade de Paris em converter o País em uma potência militar. Também indicou, ligeiramente, sua intenção de ver o caça Rafale, do grupo francês Dassault, vencer a licitação da FAB para a compra de 36 jatos de combate pela FAB - o chamado Projeto F-X2. A sueca Saab e a americana Boeing também disputam esse contrato estimado em US$ 4,5 bilhões. O resultado sairá em julho de 2009.
Os contratos tiveram como suporte legal o Plano de Ação da Parceria Estratégica, também assinado ontem. Além de destacar que o "Brasil e a França serão, um para o outro, parceiros privilegiados na área de Defesa", esse guia da cooperação bilateral prevê a conjugação de esforços para a reforma da governança internacional, cria um grupo de trabalho na área econômico-comercial e envolve a aproximação de posições nas discussões sobre mudança do clima. "Nossa parceria estratégica nos permitirá falar com a mesma voz nos foros internacionais", resumiu o presidente francês.
LOAS
Diplomaticamente, Sarkozy expandiu as loas que já havia endereçado segunda-feira a Lula, durante a 2ª Reunião de Cúpula da União Européia e do Brasil. Na ocasião, o presidente francês defendera em público que o Brasil deveria tomar parte da governança global. Ontem, diante dos elogios de Lula à sua atitude de firmeza nos foros internacionais, Sarkozy deu um passo além.
"Um Brasil poderoso será um elemento de estabilidade no mundo", afirmou. "Queremos que o Brasil possa ascender à governança mundial, queremos que a liderança do presidente Lula seja compreendida, assim como a nossa mensagem em favor da refundação do sistema financeiro global", completou Sarkozy.


Tribuna da Imprensa

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