domingo, 21 de dezembro de 2008

FMI adverte para possível piora da crise; BC espanhol teme "depressão mundial"


Autoridades econômicas mundiais advertiram neste domingo que a crise econômica pode se tornar ainda pior em 2009, caso os governos das principais economias não tomem as medidas adequadas para animar o consumo, os investimentos e a criação de empregos.
"Estou particularmente preocupado com o fato de que nossa previsão, já muito negativa, vai ser ainda mais negativa se um estímulo fiscal apropriado não for colocado em prática', disse o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, em uma entrevista à rádio BBC.
O titular do Banco da Espanha (o banco central espanhol), Miguel Angel Fernández Ordoñez, reforçou as palavras de Strauss-Kahn, ao dizer que a incerteza sobre a economia mundial é "total" e que é possível uma "depressão maior", em entrevista publicada neste domingo pelo diário local El País.
"A desconfiança é total. O mercado interbancário não funciona e se geram círculos viciosos: os consumidores não consomem, os empresários não contratam, os investidores não investem e os bancos não emprestam. Há uma paralisação quase total, do qual nada escapa", afirmou Ordoñez.
O titular do BC espanhol, no entanto, estima o final da crise entre o final de 2009 e princípios de 2010, mas adverte que a crise "pode se estender devido à falta geral de confiança".
Ainda segundo Ordoñez, uma reativação relativamente rápida é possível graças à queda nos preços do petróleo e ao rebaixamento das taxas de juros, que influenciam os empréstimos bancários.
"A verdade é que esta é a crise financeira mais importante desde a grande depressão [de 1929]", acrescentou.Já Strauss-Kahn salientou ser necessário um pacote equivalente a 2% do Produto Interno Bruto global, cerca de US$ 1,2 trilhão (R$ 2,9 trilhões), para fazer uma diferença significativa.
Ele procurou rebater as críticas de que mais estímulo público levaria a um crescimento dos déficits fiscais, dizendo que uma dívida pública maior é o menor de dois males.
Ele afirmou ainda que o nível de endividamento em vários países, como a Grã-Bretanha, é preocupante e que, em outras circunstâncias, ele não recomendaria novos empréstimos por parte do governo.
Para o diretor-gerente do FMI, a recessão é a grande questão e os governos devem estar dispostos a gastar mais para estimular a economia já que, do contrário, 'toda a sociedade vai sofrer'.
Alemanha, Canadá e Japão
Ontem, os governos da Alemanha, do Canadá e do Japão anunciaram planos bilionários para estimular o consumo e setor produtivo e enfrentar os desdobramentos da crise financeira que abala a economia mundial. O parlamento japonês aprovou um orçamento da ordem de US$ 54 bilhões, enquanto no Canadá, as montadoras devem receber uma ajuda equivalente a US$ 3,3 bilhões. E na Alemanha, a chanceler Angela Merkel prometeu um novo pacote de estímulo econômico para janeiro.
O pacote japonês de US$ 54 bilhões (R$ 130 bilhões) proposto pelo Executivo prevê cortes de impostos para proprietários de imóveis, bem como empréstimos a pequenas empresas além de benefícios para desempregados.
No Canadá, o primeiro-ministro Stephen Harper anunciou que o governo vai liberar 4 bilhões de dólares canadenses (cerca de US$ 3,3 bilhões) para as montadoras americanas localizadas na província de Ontario, onde se concentra a indústria automobilística local.
E na Alemanha, a chanceler Angela Merkel afirmou que seu país dará um 'passo mais além' em janeiro para estimular a economia. Em seu programa semanal de rádio, a mandatária alemã afirmou que 2009 será 'um ano cheio de desafios' e que seu governo vai preparar com cuidado as próximas medidas de estímulo à economia, principalmente para manter e criar empregos.


Folha On Line

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