Uma radiografia do turismo no Nordeste, seu crescimento e perspectivas para os próximos anos foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao responder perguntas formuladas por cinco jornais da região. Da Bahia, a Tribuna da Bahia foi escolhida pela Presidência da República para participar da entrevista. Em resposta à TB, Lula destacou o dinamismo da atividade turística na economia nacional que supera a média de crescimento de vários outros setores. “ De 2003 para 2007, os desembarques domésticos passaram de 30,7 milhões para 50 milhões. A receita gerada pelos turistas estrangeiros saiu de US 2,5 bilhões, em 2003, para US$ 4,9 bilhões, em 2007, o que representa 96% de crescimento no período de quatro anos”, afirmou. Lula falou ainda sobre os efeitos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no turismo e lembrou o lançamento, no ano passado, do 2º Plano Nacional de Turismo – PNT (2007-2010), que está destinando R$ 5,63 bilhões para pavimentação, melhoria de rodoviárias e aeroportos, construção de centros de atendimento ao turista e R$ 1 bilhão para a promoção, no Brasil e no exterior, dos nossos destinos turísticos. “Para se ter uma idéia do que representam estes números, basta verificar que em 2003, quando a pasta do Turismo foi criada, o orçamento para ações de infra-estrutura foi de apenas R$ 20,9 milhões”, disse. O presidente fez considerações a respeito da exploração do chamado turismo arqueológico – um desdobramento do turismo cultural – que começa a chegar ao Brasil, mas já é uma realidade na Europa O governo federal, por meio do Ministério do Turismo, vem cuidando de melhorar as condições de cidades que abrigam sítios arqueológicos. Leia a entrevista completa a seguir:
ENTREVISTA
Tribuna da Bahia (Salvador) - Senhor Presidente, o turismo argentino experimentou um crescimento de 11% em 2008, já é o quarto principal produto do PIB argentino, mesmo o país não tendo a metade das atrações turísticas do Brasil, uma costa tão deslumbrante quanto à do nordeste brasileiro e não estando mais perto do hemisfério norte. Em 3 anos, o crescimento lá foi de quase 50%, já ultrapassando hoje a marca dos 3 milhões de turistas este ano. É o setor que mais cresce no país onde quase 100 grandes hotéis foram construídos nos últimos três anos e o turismo já representa mais de 10% do PIB. A ex-Ministra Martha Suplicy estimou em 80% o crescimento do turismo no Brasil neste quadriênio, número ainda bem distante de atingir. Fenômenos como a violência em metrópoles como o Rio e a proliferação da dengue, mais comum exatamente no verão, acabaram inibindo este crescimento. O que fazer, presidente, para tornar o turismo uma de nossas maiores fontes de emprego e renda para sonharmos ser um dia uma Espanha, quem sabe, que só em setembro recebeu mais de 6 milhões de turistas e deve fechar 2008 com mais de 50 milhões de visitantes? Presidente - O turismo é uma das atividades mais dinâmicas da economia nacional e uma das que mais crescem, superando em muito a média de crescimento dos demais setores da economia. De 2003 para 2007, os desembarques domésticos passaram de 30,7 milhões para 50 milhões. A receita gerada pelos turistas estrangeiros saiu de US 2,5 bilhões, em 2003, para US$ 4,9 bilhões, em 2007, o que representa 96% de crescimento no período de quatro anos. A atração recorde de divisas estrangeiras faz do turismo atualmente o primeiro produto na pauta de exportação de serviços do país e o quinto na composição do PIB brasileiro, disputando a quarta posição com a exportação de automóveis. É claro que temos potencial para crescer muito mais. Para divulgar as atrações turísticas do Brasil e aumentar ainda mais esse fluxo, lancei em setembro, em Nova York, uma campanha publicitária mundial, intitulada “Brasil Sensacional”. Até junho de 2010, estamos investindo US$ 88 milhões em 12 países da Europa e das Américas do Sul e do Norte. Estamos implemen-tando, desde o início da primeira gestão, várias outras ações para incrementar o turismo no Brasil. Talvez a principal tenha sido a criação, logo em 2003, de um Ministério exclusivo para o setor e a aprovação do 1º e do 2º Plano Nacional de Turismo. Dedicamos atenção especial ao setor porque a atividade contribui decisivamente para que o Brasil se torne mais conhecido ao olhar estrangeiro e ao do próprio brasileiro, além de estimular a economia e movimentar uma enorme engrenagem de oportunidades de trabalho e renda em diversos pontos do nosso país.
Tribuna da Bahia (Salvador) - Senhor Presidente, o turismo argentino experimentou um crescimento de 11% em 2008, já é o quarto principal produto do PIB argentino, mesmo o país não tendo a metade das atrações turísticas do Brasil, uma costa tão deslumbrante quanto à do nordeste brasileiro e não estando mais perto do hemisfério norte. Em 3 anos, o crescimento lá foi de quase 50%, já ultrapassando hoje a marca dos 3 milhões de turistas este ano. É o setor que mais cresce no país onde quase 100 grandes hotéis foram construídos nos últimos três anos e o turismo já representa mais de 10% do PIB. A ex-Ministra Martha Suplicy estimou em 80% o crescimento do turismo no Brasil neste quadriênio, número ainda bem distante de atingir. Fenômenos como a violência em metrópoles como o Rio e a proliferação da dengue, mais comum exatamente no verão, acabaram inibindo este crescimento. O que fazer, presidente, para tornar o turismo uma de nossas maiores fontes de emprego e renda para sonharmos ser um dia uma Espanha, quem sabe, que só em setembro recebeu mais de 6 milhões de turistas e deve fechar 2008 com mais de 50 milhões de visitantes? Presidente - O turismo é uma das atividades mais dinâmicas da economia nacional e uma das que mais crescem, superando em muito a média de crescimento dos demais setores da economia. De 2003 para 2007, os desembarques domésticos passaram de 30,7 milhões para 50 milhões. A receita gerada pelos turistas estrangeiros saiu de US 2,5 bilhões, em 2003, para US$ 4,9 bilhões, em 2007, o que representa 96% de crescimento no período de quatro anos. A atração recorde de divisas estrangeiras faz do turismo atualmente o primeiro produto na pauta de exportação de serviços do país e o quinto na composição do PIB brasileiro, disputando a quarta posição com a exportação de automóveis. É claro que temos potencial para crescer muito mais. Para divulgar as atrações turísticas do Brasil e aumentar ainda mais esse fluxo, lancei em setembro, em Nova York, uma campanha publicitária mundial, intitulada “Brasil Sensacional”. Até junho de 2010, estamos investindo US$ 88 milhões em 12 países da Europa e das Américas do Sul e do Norte. Estamos implemen-tando, desde o início da primeira gestão, várias outras ações para incrementar o turismo no Brasil. Talvez a principal tenha sido a criação, logo em 2003, de um Ministério exclusivo para o setor e a aprovação do 1º e do 2º Plano Nacional de Turismo. Dedicamos atenção especial ao setor porque a atividade contribui decisivamente para que o Brasil se torne mais conhecido ao olhar estrangeiro e ao do próprio brasileiro, além de estimular a economia e movimentar uma enorme engrenagem de oportunidades de trabalho e renda em diversos pontos do nosso país.
Tribuna Independente (Maceío – AL) - O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinou a diversos estados, entre eles estados da região nordeste, investimentos vultosos em áreas secularmente carentes negligenciadas como infra-estrutura e segurança pública. Há, no atual governo, previsão de investimento de tal porte no setor turístico? Poderemos ter um “PAC do turismo” futuramente ou essa área será beneficiada apenas indiretamente pelas melhorias nas áreas citadas? Presidente - O PAC é um programa de investimentos de R$ 503,9 bilhões em infra-estrutura Logística, Energética e Social e Urbana para o período 2007-2010. Evidentemente, as melhorias em vários destes setores estão multiplicando os atrativos do Brasil para o turismo. Apenas para ampliar e modernizar os 20 maiores aeroportos do Brasil, além de quatro terminais de carga, o PAC destina R$ 6 bilhões. Com a aplicação deste volume de recursos e com os investimentos em estradas, saneamento e habitação, melhorando a vida do povo nas cidades, estamos nos capacitando a receber mais 40 milhões de turistas brasileiros e estrangeiros por ano. Independentemente do incremento do turismo proporcionado pelas obras do PAC, lançamos no ano passado o 2º Plano Nacional de Turismo – PNT (2007-2010), que está destinando R$ 5,63 bilhões para pavimentação, melhoria de rodoviárias e aeroportos, construção de centros de atendimento ao turista e R$ 1 bilhão para a promoção, no Brasil e no exterior, dos nossos destinos turísticos. Para se ter uma idéia do que representam estes números, basta verificar que em 2003, quando a pasta do Turismo foi criada, o orçamento para ações de infra-estrutura foi de apenas R$ 20,9 milhões. Quando a FIFA definir as cidades-sede da Copa de 2014, os investimentos devem crescer ainda mais. Para melhorar as condições de deslocamento nessas cidades, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou a criação de uma espécie de PAC da Copa para as regiões metropolitanas das cidades escolhidas. Além delas, destinos turísticos situados num raio de até 200 quilômetros receberão investimentos diante do potencial de atração de turistas nacionais e estrangeiros nos períodos entre os jogos.
Folha de Pernambuco (Recife – PE) - O Nordeste recebe um grande contingente de turistas durante todo o ano. Não seria o momento de se ter um representante da Região no Ministério do Turismo? O nome do prefeito do Recife, João Paulo (PT), que sempre foi um aliado fiel ao seu Governo, vem sendo cogitado para a pasta inclusive pela imprensa do Sul do País. Há planos neste sentido?
Presidente - O Nordeste, pelas suas belezas naturais, pelo seu patrimônio histórico e arquitetônico, suas riquezas arqueológicas e pela conhecida hospitalidade do seu povo, é um dos principais destinos tanto de turistas brasileiros quanto de estrangeiros. E eu tenho a maior admiração pelo nosso querido companheiro João Paulo, cuja competência foi mais do que reconhecida pela população do Recife – ele não só foi reeleito há quatro anos como este ano ainda fez seu sucessor. Mas eu já tomei a decisão, anunciada há duas semanas, de não fazer mais trocas de ministros daqui para a frente. Não quero provocar descontinuidade administrativa, ou seja, não pretendo alterar o andamento dos projetos, ações e programas que estão sendo implemen-tados pelos atuais ministros. Só vou substituir aqueles que quiserem deixar a pasta por algum motivo, inclusive para disputar as eleições de 2010.
O Dia (Teresina – PI) - O turismo arqueológico é uma das mais promissoras áreas do turismo em todo o mundo, especialmente por seu caráter científico. No nordeste, há diversos sítios arqueológicos, localizando-se na região de São Raimundo Nonato, no sul do Piauí, o mais importante deles. O local é considerado marco da origem do homem-americano e abriga 735 sítios arqueológicos e paleontoló-gicos. Entretanto, dificuldades de acesso são empecilho para uma maior exploração da atividade turística no local. A conclusão do Aeroporto Internacional da Serra da Capivara, cuja construção se arrasta há anos, seria uma forma de minimizar a barreira geográfica. Como o Governo Federal poderia auxiliar na conclusão do projeto e que outras ações voltadas para o desenvolvimento do turismo no local podem ser tomadas pela União? Presidente - O turismo arqueológico, desdobramento do turismo cultural, é um segmento que vem crescendo de maneira extraordinária na Europa e começa a chegar ao Brasil, prometendo deslanchar daqui para a frente. Investir nessa área é muito importante porque, além de atrair turistas, trazendo desenvolvimento econômico para regiões normalmente muito pobres, também incentiva a preservação. O governo federal, por meio do Ministério do Turismo, vem cuidando de melhorar as condições de cidades que abrigam sítios arqueológicos. Em São Rai-mundo Nonato, por exemplo, este ano foram repassados R$ 600 mil para obras de sinalização turística e recuperação de caminhos para a Serra da Capivara. Em Pedro II, que fica na Serra dos Matões, investimos R$ 350 mil para recuperação das vias de acesso ao sítio arqueológico da Lapa, um lugar privilegiado, com pinturas rupestres e que ainda foi palco de grandes eventos históricos ocorridos no estado do Piauí, como a Balaiada e a passagem da Coluna Prestes. Em relação ao Aeroporto Internacional de São Raimundo Nonato, ou da Serra da Capivara, trata-se de uma obra gerenciada pelo governo do Piauí, que hoje está em pleno andamento. Houve atraso devido ao rompimento contratual com a primeira empresa licitada, por incapacidade de execução, e à tramitação burocrática exigida para cancelar a licitação, refazer o projeto e promover a segunda licitação. As obras recomeçaram em dezembro do ano passado e a primeira etapa tem previsão de término para daqui a quatro meses. Os investimentos do governo federal, por meio do Ministério do Turismo, são de R$ 12,3 milhões e o governo do Piauí está entrando com a contrapartida de R$ 3,2 milhões.
Jornal Pequeno (São Luís – MA) - Em abril de 2007, os governadores do Piauí, Maranhão e Ceará pediram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva recursos financeiros para a construção da estrada que liga Barrei-rinhas à Parnaíba e para a ampliação da pista do aeroporto de Parnaíba, para que possa receber a definição de categoria internacional. Com essas duas obras, os turistas terão maior facilidade de acesso ao roteiro integrado. Trata-se do Projeto Roteiro Turístico Integrado, envolvendo o Maranhão, Piauí e Ceará, que há três anos, divulga e comercializa destinos turísticos como o Delta do Parnaíba, as praias de Jericoacoara e os Lençóis Maranhenses. Há alguma previsão para esse projeto ser concluído?
Presidente - A Rota das Emoções vai ser uma das rodovias mais belas do Brasil, unindo os Lençóis Mara-nhenses, o Delta do Parnaíba, no Piauí, e Jericoacoara, no Ceará. Mas não adianta termos uma estrada moderna, em meio a uma natureza deslumbrante, sem a infra-estrutura básica para o turista. Por isso, o Ministério do Turismo já investiu mais de R$ 100 milhões em obras de infra-estrutura no Maranhão. Entre os investimentos, R$ 4 milhões são para a construção da primeira etapa do aeroporto de Barreirinhas. Em São Luis, foi destinado R$ 1 milhão para sinalização turística. No Piauí, pavimentamos acessos a praias do Delta do Parnaíba e estamos investindo na recuperação da Orla do Atalaia. Em todo o Estado, são R$ 105 milhões de investimentos em obras de infra-estrutura. Ainda no Delta do Parnaíba, por meio do Prodetur Nordeste II, foram investidos R$ 10,9 milhões em obras de recuperação do esgotamento sanitário. As obras de ampliação do pátio de aeronaves e da pista de pouso do Aeroporto Internacional Prefeito João Silva Filho, de Parnaíba/PI, tiveram início no último mês de agosto. Serão gastos R$ 26 milhões de recursos do PAC. A conclusão das obras está prevista para junho do ano que vem. A ampliação da pista do Aeroporto de Parnaíba e a conclusão da estrada são projetos que irão alavancar o turismo da região, trazendo desenvolvimento e gerando emprego e renda para a população local.
Tribuna da Bahia
Nenhum comentário:
Postar um comentário