As mortes da pediatra e sanitarista paulista Zilda Arns, coordenadora da Pastoral da Infância, Zilda Arns, conhecida defensora dos direitos humanos, e de 11 capacetes azuis do Exército Brasileiro e da Missão de Estabilização da ONU, no terremoto do Haiti (Minustah), chocaram o Brasil. Zilda dirigia a Pastoral da Criança, uma das organizações mais importantes do mundo no campo da saúde, nutrição e alfabetização, nas regiões de maior miséria, e sua liderança lhe valeu seis prêmios internacionais, entre eles o Prêmio Heroína da Saúde Pública das Américas (Opas) e 59 nacionais. Vale dizer que a sua organização conta com um exército de 241 mil voluntários, distribuídos em 36.258 comunidades em 3.757 municípios do Brasil e com 7 mil equipes de coordenadores. Ressalte-se que, quando começou o seu projeto, havia municípios nos quais o índice de mortalidade infantil era de 129 por mil. Hoje, no Brasil, a média é de 29 por mil, embora nas comunidades da Pastoral da Criança tenha baixado para 15 por mil. Ela nasceu em 25 de agosto de 1934, na pequena cidade de Forquilhinha, no Estado de Santa Catarina, de família “nem pobre nem rica”, como ela mesma dizia. Embora sob a tutela da Conferência dos Bispos do Brasil, a instituição é ecumênica e dirigida por laicos. Irmã do mítico cardeal Paulo Evaristo Arns, que foi uma figura eminente do Concílio Vaticano 2º e precursor da Teologia da Libertação no Brasil, Zilda foi proposta pelo Governo para o Prêmio Nobel da Paz nos três últimos anos. Vale ainda dizer que a idéia de criar, no Brasil, um grande movimento ecumênico e apolítico para diminuir a mortalidade infantil entre os mais pobres, cuja bandeira Zilda empunharia, nasceu em um encontro da ONU para a paz mundial em 1982. Atualmente, conta com milhares de voluntários. O financiamento da instituição cabe em 60% ao Ministério da Saúde, e o resto é suprido pela ONG Criança Esperança, da Unesco e do Grupo Globo. Seu lema foi claro desde o início: “É preciso ajudar as pessoas a ter dignidade”. Daí que seu empenho começa com as jovens grávidas (hoje assiste 83 mil) para lhes ensinar as coisas mais elementares sobre nutrição. Hoje são 1,8 milhão de crianças ajudadas por Zilda e suas equipes. Mas sua preocupação é que essa ação não se transforme em “assistência social”, já que, ela afirma, “os pobres sempre nos dizem que, mais que esmola, querem trabalho e estudo”. Os pobres lhes lembram às vezes que “também se dá de comer a um animal”. É chamada por muitos como “a mãe dos pobres do Brasil”. Uma perda irreparável para todos os brasileiros.(Folha de Pernambuco)
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