quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Suplicy disposto a enfrentar o Lula

Mais do que atropelar a debilitada candidatura de Ciro Gomes ao governo de São Paulo, mostra-se o senador Eduardo Suplicy disposto a bater de frente com o próprio presidente Lula, mentor principal da proposta de união das forças governistas em torno do ex-ministro da Integração Nacional, que é do PSB. Primeiro porque Ciro dá sinais de recusar a aventura paulista, não obstante haver transferido seu título eleitoral para São Paulo. Depois, porque Suplicy continua ampliando seu apoio junto aos companheiros do estado, infensos a abrir mão da principal disputa regional de outubro próximo.

O senador de onze milhões de votos sustenta a realização de uma prévia junto às bases do PT de São Paulo, onde além de bater de longe a hipótese Ciro Gomes, parece suplantar a ex-mulher, Marta, o colega Aloísio Mercadante e, se for preciso, o ex-ministro Antônio Palocci.

Faz muito que o presidente Lula e Eduardo Suplicy se estranham. O primeiro-companheiro não engoliu, até hoje, a exigência da realização de uma prévia para escolher o candidato presidencial, em 2002, que venceu de barbada mas precisou expor-se a um debate com o senador. Acha que Suplicy não é confiável e até lembra derrotas anteriores por ele colhidas no plano estadual e municipal.

O diabo é encontrar argumentos para dizer que Suplicy não pode ser candidato. Não pode por que? Foi o senador mais votado do partido e detém a maior parte das bases estaduais. Mantém postura de fidelidade ao PT, no Senado, mesmo mesclando-a com pitadas de independência.

No Congresso que os companheiros realizarão em São Paulo, na segunda quinzena de fevereiro, o tema ameaça suplantar até mesmo a maciça manifestação em prol da candidatura de Dilma Rousseff à presidência da República. O favoritismo óbvio de Geraldo Alckmin, pelos tucanos, reacende no PT aquela chama de luta, característica do passado que a necessidade de acordos estaduais com os partidos aliados não parece capaz de apagar. (Tribuna da Imprensa)

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