domingo, 1 de novembro de 2009

Sérgio: ''Um em cada três brasileiros já decidiu votar em Serra''


Na semana em que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, deu um ultimato para que o PSDB defina até dezembro seu candidato à sucessão de Lula, o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, diz que 'um em cada três brasileiros já decidiu votar em [José] Serra'. 'O próprio Lula quer estabelecer logo esse confronto.'
O trunfo de Aécio seria, segundo Guerra, ter maior 'capacidade de aglutinação' e a preferência de 'setores que hoje não estão na aliança' tucana. Apesar de dizer que 'os dois vão se entender', Guerra admite que também tem pressa: 'O nosso tempo é urgente'. Leia trechos da entrevista à Folha.

FOLHA - Há duas semanas o PSDB enfrenta desgaste, bombardeado por aliados. É uma candidatura que já começa em crise?
SÉRGIO GUERRA
- Crise e racha são muito utilizados para se falar sobre o PSDB. Enfrentamos dificuldades, situações que se repetem em diversos partidos. Muitas vezes, nós mesmos damos consistência à tendência de crise. Não estamos no governo, somos um partido sem dono. Mas esse partido que vive em crise é fantasia.

FOLHA - O governador Aécio Neves não deu ultimato ao partido?
GUERRA
- O presidente do DEM [Rodrigo Maia] disse que o PSDB deveria abreviar a escolha. Todos os militantes de PSDB, DEM, PPS e os que temos no PMDB assistem à exposição diária da candidatura do governo com dinheiro público, então é natural que a nossa gente queira o time escalado logo. O que o Rodrigo falou deve ser entendido como opinião.

FOLHA - Deixar a decisão para o ano que vem, como quer o governador José Serra, não é tarde?
GUERRA
- O Serra é considerado pelo governo seu principal adversário. Isso é explicável pelos índices da opinião pública e de intenção de voto. Ele governa um Estado como São Paulo, é um líder. Um em cada três brasileiros já decidiu votar nele para presidente, deseja votar nele. O próprio Lula provoca ele para o debate porque quer estabelecer logo esse confronto.

FOLHA - Nesse cenário, qual é, então, o trunfo de Aécio?
GUERRA
- É o Aécio ter 90% de aprovação em Minas, capacidade de mobilização e de aglutinação. Na verdade, setores que hoje não estão na nossa aliança não escondem preferência por ele. Onde vai é bem recebido.

FOLHA - Qual é o prazo real para resolver essa situação?
GUERRA
- O PSDB está armando a equação nos Estados, avaliando a amplitude do apoio fora da coligação já formada com DEM e PPS. O partido tem pressa em ter clareza sobre isso. Eles [Serra e Aécio] têm de se entender em cima de dados objetivos e posições seguras. O nosso tempo é urgente.

FOLHA - E a tese das prévias?
GUERRA
- Eles vão se entender.

FOLHA - O PT vai comparar as gestões Lula e FHC. Como o PSDB responderá?
GUERRA
- O candidato não é Lula nem será FHC. O drama deles é a distância entre quem é a Dilma e quem é o Lula.

FOLHA - Mas não é vantagem o governo já ter uma pré-candidata?
GUERRA
- Até agora essa candidata não se consolidou, dado o grau de aparição que ela tem. Ela vai ter que enfrentar o próprio anonimato, não tem experiência administrativa nem eleitoral. O PAC não tem pernas firmes, logo ela não pode ser apresentada como excelente administradora. É autoritária e, apesar de achá-la honesta, ela e a democracia não combinam. O que sustentará o governo será o Bolsa Família.

FOLHA - Mas e o PAC e o Minha Casa, Minha Vida?
GUERRA
- O que há são variações do Bolsa Família. O projeto era deixar a Dilma fora dos programas sociais, como administradora capaz de resolver problemas de infraestrutura e gastos públicos. Só que a ministra fica batendo na mesa e as obras têm problemas no TCU.

FOLHA - O PSDB tem um projeto melhor para mostrar?
GUERRA
- Nós sabemos governar. Quem duvida basta olhar nossos governos. Vamos manter os programas sociais, mas nos fixar num programa de desenvolvimento econômico e geração de empregos. A saúde está arrasada, apagão na educação, a Petrobras aparelhada, e não podemos concordar que empresas como a Vale virem agências de aparelhamento.

FOLHA - E o pré-sal?
GUERRA
- Queriam que fizéssemos oposição ao pré-sal e não fizemos. Vamos é cuidar dele.

FOLHA - Preocupa o acordo entre o PT e o PMDB?
GUERRA
- Esse esforço com o PMDB e outros abraços são para tentar confirmar a Dilma e evitar a candidatura de Ciro Gomes. Eles não têm como inventar outro candidato e não querem o Ciro. Nessa política de fazer aliança até com Judas, depois vão ter de explicar que continua o mensalão.

FOLHA - Mas o PMDB tem o maior número de prefeituras e governos estaduais e maioria no Congresso.
GUERRA
- Alianças reais só se dão quando são confirmadas nos Estados. Se o objetivo era capturar o tempo de TV do PMDB, é possível que estejam um passo à frente. Mas o PMDB não vai com o PT em SP, PE, BA, RS. Dos lugares com peso eleitoral, só estarão juntos no Rio, e com perturbação.

FOLHA - O senhor citou RJ e RS. O que o PSDB pretende fazer?
GUERRA
- Sobre o Rio, vamos conversar na próxima semana. No Sul, a Yeda [Crusius] está em processo de recuperação, venceu a questão jurídica e isso começa a ser reconhecido. Mas ela fará no RS a melhor política para nossa vitória no Brasil.(Folha de S.Paulo - Sílvio Navarro)



Blog do Magno Martins

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