domingo, 15 de novembro de 2009

Compra de merenda será sem licitação a partir de 2010

Erika Klingl, iG Brasília

Pelo menos 30% de todo o dinheiro do governo federal destinado à compra de merenda escolar será gasto pelos gestores de municípios e estados sem necessidade de licitação. A brecha foi criada pela regulamentação da lei nº 11.947, que trata do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

A normatização da lei, publicada em julho deste ano pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE), determina que um terço dos recursos da merenda precisam vir da agricultura familiar e serão gastos sem a tomada de preço e o controle formal estabelecidos pela lei da licitação, a de nº 8666.

O orçamento federal, só para a merenda escolar, é de R$ 2,02 bilhões, de acordo com informações do FNDE. O dinheiro é repassado diretamente a estados e municípios para beneficiar 45 milhões de estudantes da educação básica.

Pela nova lei, ao menos R$ 615 milhões devem ser investidos na compra direta de produtos da agricultura familiar, que são dispensados de licitação. De acordo com gestores, as famílias não têm como concorrer com o preço e a burocracia.

Após um período de seis meses de transição, a legislação começará a vigorar de forma definitiva a partir do próximo ano letivo. “Isso é bem complicado, ainda mais pela expressividade do volume de recursos”, avalia o economista especialista em orçamento Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas. “Receio que se reproduza modelos semelhantes aos escândalos envolvendo organizações não-governamentais. Muitas são sérias. Outras se estabeleceram só para captar recursos públicos.”

De acordo com Eliene Ferreira de Sousa, coordenadora de Alimentação e Nutrição do Pnae, a proposta do governo é criar uma política pública de fortalecimento da agricultura familiar. “Queremos promover alimentação para as crianças e adolescentes e, ao mesmo tempo, fazer política pública”, afirma.




Nenhum comentário: