Quatro longas salvas de palma pontuaram o momento, que em nada lembrou a morna fala da véspera, quando o brasileiro elencara boas intenções sem surpreender nem cativar. E, diferentemente da quinta-feira, Lula pôs um trunfo na mesa para tentar destravar o impasse fermentado nos últimos 12 dias: uma oferta de contribuição em dinheiro para um fundo global do clima. “Se for necessário fazer um sacrifício a mais, o Brasil está disposto a colocar dinheiro também para ajudar os outros países’’, disse, sem detalhar. “Estamos dispostos a participar do financiamento se nós nos colocarmos de acordo numa proposta final, aqui.’’
Mas após uma reunião com outros líderes que adentrou a madrugada e que continuaria horas depois, o presidente se mostrava sem esperança. “Se a gente não conseguiu fazer até agora esse documento, não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e colocará na nossa cabeça a inteligência que faltou até agora.’’ A fala - que listou as ações e concessões de países em desenvolvimento e exortou os colegas a não assinarem “qualquer documento’’ só para dizer que assinaram um documento- catalisou o espírito de frustração generalizada no evento.
Minutos depois Barack Obama assumiria o púlpito em um discurso cheio de senões, no qual tentou atribuir aos chineses a responsabilidade pelo fracasso que a maioria das delegações, as europeias inclusive, colocavam em suas mãos. O desempenho de Lula contrastou não só com o do presidente americano, mas com o de sua própria chefe de delegação, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que sumiu de cena quando o presidente chegou.
ACORDO PARCIAL
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