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As obras que o senhor citou são todas de continuidade. O senhor apresentou alguma iniciada em sua gestão?
Obra que começa e termina é a obra de quem termina. É sempre assim, seja em qualquer governo. Então, eu acho que a gente tem que superar essa dicotomia. No Brasil, independente de governo, a gente tem que ter compromisso de respeito à continuidade das obras públicas para que o custo seja menor para a sociedade. Hoje, a gente não tem que estar preocupado com quem começou ou quem terminou, o importante é que o governo está realizando obras que são importantes para a cidade. A gente viabilizou o projeto do Pilar, resolveu o problema do Capibaribe Melhor, colocou em ordem de serviço o Parque de Beberibe, então tem muita coisa andando. Acho que quem ganha é a cidade. E ganha porque também é a continuidade do projeto político que permite que essas coisas sejam feitas sem nenhuma possibilidade de nenhum trauma.
O senhor disse que Pernambuco se estruturou para receber os investimentos em Suape, o senhor se refere aos dois anos do governador Eduardo Campos ou à gestão anterior?
Há 30 anos que se constroi Suape. Suape só existe porque há 30 anos se investe nele. Então, do ponto de vista logístico, de infraestrutura, isso foi um diferencial para Pernambuco quando se resolveu fazer um investimento descentralizado no País. Onde é que eu vou fazer um estaleiro? Precisa de um porto estruturado, com calado, com infraestrutura de energia, de água, etc. Onde era que tinha no Nordeste? O lugar mais apropriado era em Suape. Mesma coisa com a Refinaria. Isso é fruto de um processo histórico que foi construído. Agora, evidentemente, a gente não pode negar que a viabilização econômica disso foi dada pelo Governo Lula e aqui teve a grande contribuição do Governo do Estado. Quando o governador disse que nos últimos dois anos investiu mais do que os 30 anos em Suape é uma verdade, também. Agora, a gente não pode negar que há 30 anos vem se fazendo Suape, não pode negar as evidências históricas.
O que o senhor quis dizer quando falou que era um governo no nono ano de continuidade, mas um governo novo que tem o seu tempo próprio? Não é pouco tempo para se consolidar uma marca?
Não estou dizendo que isso se consolidou. Acho que isso tem que ser visto politicamente desse jeito, por todos. Acho que para o sucesso do nosso projeto, do nosso Governo, as coisas têm que acontecer assim. É uma convicção política minha. É um nono ano de um projeto político, mas é o primeiro ano de um novo governo. Que pelas circunstâncias, pela conjuntura, pelo momento econômico, por tudo, tem que ser um governo com características próprias. Porque a realidade exige assim. Exige da gente, quanto mais do governo! A gente não pode continuar igual a vida inteira, porque a vida muda, a gente ganha experiência, faz novas amizades, pensa diferente sobre um determinado assunto, porque a vida faz com que a gente pense assim. No governo é a mesma coisa. É feito por pessoas que hoje pensam as coisas de forma diferente de há oito anos, porque têm experiência de governo, estão vivendo um momento novo, têm relações diferentes, tudo é diferente, então não pode ser igual.
Quais são essas características próprias do seu governo que são diferentes da gestão anterior?
É outro momento. A gente está dando enfoque a determinadas coisas, não porque seja diferente, mas porque agora é possível fazer, porque agora é necessário. Isso não quer dizer que é diferente pela diferença. É diferente pela necessidade do momento. Então, discutir a matriz econômica da cidade acho que é uma necessidade, mas pode ser feito agora porque o momento exige isso agora. A gente pode dar uma prioridade ao controle urbano, porque outras prioridades foram dadas antes. Então, dá pra fazer isso agora porque já tem outras prioridades em andamento bastante consolidadas. Isso não é porque queira ser diferente, mas porque precisa ser feito assim. Isso não significa uma divergência política, questão de querer ser diferente para querer construir uma diferença de governo. Pra gente continuar tendo o mesmo sucesso como projeto político, a gente tem que fazer diferente porque a realidade exige ser diferente.
E o novo secretário de Meio Ambiente?
Só em janeiro.
Mas é quadro técnico ou político?
As duas coisas.
Ligado a algum partido?
Também (risos)
No último sábado, na inauguração na Ilha de Joaneiro, o senhor falou que desafiava alguém dizer que o senhor traiu o prefeito João Paulo. Algum rumor sobre isso?
Eu não falei assim, tem que ter cuidado com a informação que dá. Eu disse que tudo que eu fiz, aí relatei tudo que eu fiz, estava dentro dos pressupostos do nosso projeto político. Disse que desafiava alguém a falar que tinha algum nível de traição ao projeto político que a gente defendia, não nominei ninguém, não fiz referências a ninguém.
É público seu distanciamento do ex-prefeito João Paulo. Qual motivo desse distanciamento?
Isso aí pra mim é caso encerrado. Já falei tudo sobre isso. Está nas páginas dos jornais. Já dei entrevista várias vezes. Eu não vou ficar alimentando essa discussão.
Mas o ex-prefeito reclamou que o senhor se afastou do núcleo duro, não tem participado das reuniões.
Olhe, com todo respeito a toda nossa trajetória, eu tenho evitado falar sobre isso. Até porque eu não vejo distância, na política, entre mim e João Paulo. Eu vou apoiar Dilma, tanto eu como ele. Ele já disse que vai apoiar Eduardo para governador, eu também vou. Eu acho que o PT tem que estar representado na majoritária, e ainda tenho dito que o melhor nome é João Paulo. Então não vejo motivo político.
Então o distanciamento é pessoal?
Está dito tudo, tá certo?
O início do seu governo foi marcado por muitas polêmicas, entre elas a questão do lixo. O senhor acha que poderia ter dado outro encaminhamento?
Não iria ser muito diferente, não. A gente tinha um contrato com a Qualix e acho que deveríamos ter cumprido o contrato. A Qualix estava aqui há dez anos, fizemos várias tentativas. Eles pactuaram melhorar os serviços, mas não cumpriram. Tinha um contrato de dispensa conosco. E sempre colocávamos que íamos cumprir o contrato até o fim. Quando se encerrasse íamos contratar outra empresa, porque tínhamos perdido a confiança na Qualix. Pagamos um preço por isso. A Qualix foi deteriorando os serviços. A população depois entendeu e sabe que não foi fácil romper um contrato com uma empresa que estava há dez anos.
Comenta-se muito nos últimos dias que o desenvolvimento econômico será a marca da sua gestão e que a ambição é fazer do Recife um grande polo de serviços. Mas a cidade só entrou nas discussões envolvendo o Porto de Suape, a Refinaria e o Estaleiro recentemente. Esse é o momento certo ou a gestão anterior não estava antenada aos projetos?
O momento é agora. Temos a impressão de que o que acontece em Suape não tem nada a ver com o Recife. Temos que mudar essa concepção. Esse é o principal legado que a gente pode construir do ponto de vista econômico. É perceber-se parte da reestruturação econômica de Pernambuco e não apartado disso como se fossemos perder para Ipojuca, para o Cabo, para Jaboatão, porque não temos área e não podemos ter indústria... As cidades mais ricas do mundo não têm indústria. Têm serviços que agregam valor. Precisamos ver quais são as cadeias que vão gerar demandas de serviços que podem ser fornecidos pelo Recife. Ter uma política de incentivos e de estruturação. Não se pode deixar essa oportunidade passar. Na área de software, o que esses setores vão demandar que pode ser produzido pelo Porto Digital? Ele nunca trabalhou nessa perspectiva, mas ela existe. Vamos discutir a estruturação de serviços na área de petróleo e gás. A gente vai ter incentivo, vai trabalhar em cima disso? São questões que temos que começar a focar e não esperar que o Estado faça sozinho ou que alguém com empresa faça isso.
A Prefeitura está estudando duas medidas. Uma é a criação de um fundo para Ciência e Tecnologia. E a outra é a implantação de uma Lei Municipal de Inovação. Como essas iniciativas vão funcionar? Existe alguma previsão para isso?
Contratamos um estudo em parceria com o Ministério da Ciência e da Tecnologia e a partir dele teremos a condição de focar melhor os mecanismos. Dentro do projeto do Parque do Jiquiá estamos trabalhando a implantação de um Centro de Inovação Tecnológica. Isso é uma discussão que fazemos com o Ministério. Mas só faremos isso quando concluirmos esse levantamento que é pra fornecer os pressupostos básicos para a formulação duas medidas.
No caso da criação de um fundo, a verba sairia de onde?
Nós vamos buscar tanto do Tesouro Nacional como de outras fontes em financiamentos do Finep... Não é trabalhando com a Prefeitura porque nunca tivemos estrutura para captar esses recursos.
Como o senhor mesmo disse, além dos assuntos polêmicos, o ano foi totalmente atípico por conta da crise econômica. Quais são as perspectivas para 2010? O que pode ser feito no ano que vem que não pôde ser feito em função da crise?
Só começamos a fazer sinalização na cidade no segundo semestre. Não foi uma opção, foi uma condição. O que se pôde fazer no primeiro semestre foi feito. Uma coisa é o resultado da economia, outra coisa é isso se transformar em receita pública. Principalmente porque a principal receita nossa é referente a serviço. A gente já está vendo o ICMS melhorando, o FPM melhorando e voltando ao patamar anterior. Os desafios são grandes, mas nós captamos recursos para investimentos.
A administração do Porto do Recife fica a cargo do Governo do Estado. Mas o ex-prefeito João Paulo era muito ligado ao ex-presidente do terminal marítimo, Alexandre Catão, e isso foi até motivo para ambos deixarem os cargos. Existe alguma chance de a Prefeitura se inserir nas discussões do Porto, que agora tem Sileno Guedes como presidente?
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marileide alves, josé accioly, isabele barros, augusto leite e katarina cardoso |
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