Widio Joffre | 28/09/2009 “Lula voltará pelo 0800” Entrevista: José Múcio "Ministro do TCU" |
O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), que hoje se desliga do cargo, para, amanhã, assumir cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU), garante que não “aliviará” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de eventuais punições. “Quem me conhece sabe da minha isenção”, disparou o petebista. Nesta entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, concedida na última sexta-feira, dia em que completou 61 anos, José Múcio relembrou sua trajetória de mais de 30 anos de vida pública. Afirmou que deixa a política feliz, “no momento certo”. “Independente do TCU, eu já havia tomado a decisão de não ser mais candidato”, revelou. O ministro também classificou como um dos pontos altos de sua vida pública a eleição estadual de1986, quando perdeu, por 500 mil votos, para o ex-governador Miguel Arraes. “Posso lhe dizer que essa derrota foi uma das peças mais importantes do meu currículo”, profetizou José Múcio.
O senhor está deixando a política?
A política partidária, sim. A política dos palanques. Embora, você vá lidar o tempo todo com decisões políticas. Apenas vou mudar de trincheira. O TCU é um órgão de fiscalização das contas públicas, um instrumento criado por políticos. De maneira que da política partidária a gente sai, dos palanques, dos mandatos. Mas vou lidar com avaliação de decisões políticas.
Está feliz?
Estou feliz, cumpri meu dever. Foram cinco mandatos por Pernambuco, sempre com eleições crescentes. Saio da política sem um desafeto sequer. Fruto do meu temperamento e eu digo sempre que fui uma pessoa que procurou harmonia. Qualquer conflito é ruim para os dois lados.
Tem muitos políticos da oposição questionando sua indicação. Eles dizem que o senhor vai “facilitar” a avaliação das contas do Governo Federal...
Quem me conhece não questiona a minha isenção. Eu não me preocupo com isso. Evidentemente, não vou, em momento algum, negar minha lealdade ao presidente. Mas o presidente jamais me indicou imaginando que eu fosse precisar usar dessa lealdade para fazer qualquer coisa que não fosse absolutamente normal. Agora, por ser uma indicação dele - a única dele no TCU - é natural que as pessoas pensem que eu chego lá como um advogado para cuidar dessas coisas.
Está saindo da política na hora certa?
Eu acho que saí na hora certa. Independente do TCU, eu já havia tomado a decisão de não ser candidato. Tive cinco mandatos federais, já por experiência no Executivo. Todas foram vitoriosas, porque de todas eu tiro uma lição. Se você me perguntar que lição eu tiro da política, eu digo que sempre devemos ter respeito com os correligionários e adversários. Eu aprendi que, por conta dos gestos, adversários, às vezes, não são para sempre. Isso é uma lição que eu trago para a vida, que você tem que caminhar sem desmanchar as pontes. Porque você pode precisar usá-las outras vezes. Por mais que a vida seja para frente, você não pode desmanchar as pontes que usou.
O senhor pode citar um exemplo concreto?
Eu tenho dois exemplos. Já fui adversário de Dr. Miguel Arraes, Eduardo Campos. Dr Arraes... Terminamos com uma amizade extremamente fraterna. Sou amigo da família, sou liderado do governador, que tem tido comigo um gesto de cavalheirismo e grandeza. E o próprio presidente da República. Na sua primeira eleição eu não votei nele. Votei em José Serra, eu estava no PSDB. Depois (em 2006) votei no Lula e terminei cuidando da articulação política do seu governo. Dois anos quase como ministro que eu passei - 1 ano e dez meses. Eu acho que saí numa boa hora, num momento em que eu estou como ministro. Eu não queria disputar mais nenhuma eleição.
Por que ministro?
Porque já estava na hora. Eu acho que a gente mesmo tem que estabelecer um tempo. O grande desafio do Ministério era intermediar. Era da minha função receber todas as pessoas, deputados e senadores. Eu atendia uma média de 40 pessoas por dia. No final do ano, esse número subia para 70, 80. Teve dia de eu atender, no final do ano, por conta de emendas ao orçamento, 90 pessoas. Era negócio de você começar 8h30 da manhã e terminar 1h30, 2h da madrugada. Como eu era a interlocução do Executivo com o Legislativo, eu tinha a obrigação de fazer com que cada deputado e cada senador se sentisse bem atendido pelo Governo.
Como o Lula sairá da Presidência, em sua opinião?
Muitíssimo bem, como o maior presidente da história da República brasileira.
Isso credencia o presidente para voltar em 2014, caso sua candidata não vença a eleição do ano que vem?
Olhe, eu vou dizer uma coisa a você. Acho que, em 2014, ele volta pelo “0800”. Não tem um negócio de “0800” na televisão?! Ele não é mais um Lula do PT. Ele, hoje, é um Lula do Brasil, um Lula do mundo. Ele está acima dos partidos. Ele é, verdadeiramente, uma pessoa especial. Se você me perguntar o que teve de melhor nesse momento meu, no Governo, foi conhecer o presidente Lula.
Foi nesse período que se deu a sua aproximação com o governador de Pernambuco?
Eduardo é uma das pessoas que ele (Lula) mais quer bem. Ele quer bem a Eduardo assim como a um irmão mais novo, um filho mais velho. Ele tem por Eduardo, assim, uma profunda admiração, uma confiança absoluta. Posso dizer que ele tem um ‘querer bem’ a Eduardo. Se você me pedir para listar cinco pessoas a quem o presidente mais quer bem, eu tenho certeza que Eduardo será uma delas.
E quem seriam as outras quatro?
Gilberto Carvalho (Chefe de gabinete da Presidência) é um deles. Os outros três eu deixo por contra do presidente (risos).
O senhor começou a carreira política em partidos da Direita, foi para o PSDB e terminou no PTB...
Arena, PDS e PFL são uma coisa só. Depois do PFL nós fomos para o PSDB. Depois, por uma questão local, para o PTB. Não foi por nenhuma questão com algum dirigente do PSDB, até porque eu tenho com o senador Sérgio Guerra uma amizade de infância, fui votado por todos os senadores do PSDB. Quando líder, sempre tive com os líderes do PSDB um contato bom e produtivo. Por uma questão de espaço nós sentimos e fomos todos para o PTB: Roberto Magalhães (deputado federal), Joaquim Francisco (ex-governador, hoje no PSB), José Chaves (deputado federal), Luíz Piauhylino (ex-deputado, hoje no PDT) e eu.
O que o motivou a sair do PFL e depois do PSDB? Estava se achando pouco aproveitado?
Estava na hora de procurar mais espaço. Nunca neguei as boas relações que tenho com o senador Marco Maciel (DEM), com os que fazem hoje os Democratas aqui em Pernambuco, com Dr. Roberto Magalhães, que foi quem me colocou na política (foi secretário de Transportes do governo do ex-pefelista, no início da década de 80). Eu tenho deles boas lembranças e aprendi bastante com eles. Mas em política você tem que procurar o seu caminho (mais uma ligação em decorrência do seu aniversário), você tem que procurar o seu espaço. E a minha história mostra que foi uma decisão acertada. Depois que eu fui para o PTB, virei líder de partido, líder de governo, ministro. Tudo isso num partido que ninguém imaginava.
Então o senhor acredita que foi pouco utilizado no antigo PFL e no PSDB?
Não era que eu fosse pouco utilizado, tinham pessoas que, naquela hora, tinham mais créditos do que eu.
Como o senhor avalia a eleição do ano que vem em Pernambuco? Acredita que o senador Jarbas Vasconcelos será candidato?
Eu acredito que o senador Jarbas será candidato. Mas a chapa que eu gostaria de votar é: Eduardo Campos (governador), João Lyra (vice), Armando Monteiro Neto (PTB) e João Paulo (PT) para o Senado. Não sei, ainda, porque não conheço as limitações de um ministro do Tribunal de Contas. Mas o que eu puder fazer dentro do que é permitido eu farei.
Suas bases, ministro, com quem ficarão?
Quando digo que vou discutir com o governador o destino das minhas bases vou ver qual a orientação do governador. Tem uma prerrogativa que é um comprometimento das minhas bases com o meu senador, Armando Monteiro. Isso é uma condição sine qua non (sem a qual não). Mas acho que a melhor pessoa para orientar e ser o parceiro disso é o governador.
Na última quinta-feira, Eduardo Campos disse que a divisão será feita pelos dois...
Vamos conversar, tem tempo. Deixa passar essa semana. Isso (a divisão das bases) não terá problema nenhum.
Será como Eduardo Campos anunciou: por critério de afinidade?
Você precisa conversar com os prefeitos também, e é o governador que vai fazer.
Como o senhor avalia a boa votação que obteve no Senado?Acho que aquele voto que apareceu contra foi por engano. Sinceramente. Porque todos falaram, não houve quem não falasse. E todos sequer me fizeram perguntas. Então, aquele voto contra poderia ter sido de alguém que me tivesse feito uma pergunta e que eu não tivesse respondido a contento. Mas como falaram os 26 (parlamentares da Comissão de Assuntos Econômicos), eu acho que alguém se enganou na hora de votar. Eu prefiro pensar assim a ficar remoendo um questionamento de quem foi.
Seu conhecimento sobre o TCU aumentou depois de um final de semana estudando para a sabatina da última terça-feira?
Na realidade, eu não poderia estudar o TCU, nem saber sobre o TCU sem antes ser do TCU. Sem antes da indicação do presidente. Seria até um desafio a sorte (novo telefonema). Fui ver a estrutura do TCU, como era o seu funcionamento.
O senhor tem alguma intenção de voltar à política, quando se aposentar do TCU, em 2018?
Está longe ainda. Posso dizer a você que gosto da política. Eu faço política com facilidade porque sou um ser político. Eu não sou assim porque sou político, sou político porque sou assim. É uma coisa completamente diferente. Eu não crio tipo, nunca deixei de ser Zé Múcio. Faço política todo dia, gosto de gente. Não tenho queixas da política, pelo contrário. O que eu sou hoje foi graças à política. Sou gratíssimo ao povo de Pernambuco, que me deu cinco mandatos. O povo de Pernambuco foi sábio (em 1986, na eleição para governador) quando colocou Dr. Arraes fazendo um resgate eleitoral da história, devolvendo a ele o mandato que eles (da ditadura) haviam tomado. Mas foi generoso comigo quando me compensou com cinco mandatos.
Por que o senhor entrou na eleição de 1986 se sabia que iria perder?
Acho que na vida você se valoriza pelos amigos que tem e até nas escolhas dos adversários. Eu não era inimigo de Dr. Arraes. Às vezes me questiono: se eu tivesse ganho, eu teria chegado até aqui? São esses caminhos da vida que você não tem resposta. Quantos queriam disputar? Você pode me fazer essa pergunta, que eu posso até atenuar: ‘quantos queriam perder’? Ele voltava como um mito, mas eu não poderia perder aquela chance, aos 38 anos, de disputar um governo com Dr. Miguel Arraes.
A experiência foi válida, então?
Tem vitórias que não lhe promovem e derrotas que lhe promovem. Posso lhe dizer que essa derrota foi uma das peças mais importantes do meu currículo. Não foi uma derrota, eu não venci.
Ministro, o senhor corrobora com as críticas de muitos governantes sobre um eventual excesso de fiscalização por parte do TCU?
Isso é o que eu escuto. Poderei responder melhor quando estiver lá. Conheço a versão de quem se queixa, não conheço a versão de quem faz a fiscalização. Evidentemente, acho que tudo na vida o fundamental é o diálogo. Na hora em que você deixa de dialogar, você deixa de conversar, é porque, verdadeiramente, o papel político foi encerrado. A gente precisa conversar mais, dizendo uma frase que eu disse no meu discurso: ‘desatar nós e reatar os laços’.
Qual a sua avaliação acerca do cenário para a sucessão presidencial? É favorável à duas candidaturas ou prefere uma candidatura única?
Em tendo dois palanques, o Governo precisa ter cuidado com os discursos para não inviabilizar o entendimento. Na política é sempre muito importante você deixar o caminho do entendimento. As coisas na política nunca são para sempre. Os adversários nunca são para sempre.
O senhor está deixando a política?
A política partidária, sim. A política dos palanques. Embora, você vá lidar o tempo todo com decisões políticas. Apenas vou mudar de trincheira. O TCU é um órgão de fiscalização das contas públicas, um instrumento criado por políticos. De maneira que da política partidária a gente sai, dos palanques, dos mandatos. Mas vou lidar com avaliação de decisões políticas.
Está feliz?
Estou feliz, cumpri meu dever. Foram cinco mandatos por Pernambuco, sempre com eleições crescentes. Saio da política sem um desafeto sequer. Fruto do meu temperamento e eu digo sempre que fui uma pessoa que procurou harmonia. Qualquer conflito é ruim para os dois lados.
Tem muitos políticos da oposição questionando sua indicação. Eles dizem que o senhor vai “facilitar” a avaliação das contas do Governo Federal...
Quem me conhece não questiona a minha isenção. Eu não me preocupo com isso. Evidentemente, não vou, em momento algum, negar minha lealdade ao presidente. Mas o presidente jamais me indicou imaginando que eu fosse precisar usar dessa lealdade para fazer qualquer coisa que não fosse absolutamente normal. Agora, por ser uma indicação dele - a única dele no TCU - é natural que as pessoas pensem que eu chego lá como um advogado para cuidar dessas coisas.
Está saindo da política na hora certa?
Eu acho que saí na hora certa. Independente do TCU, eu já havia tomado a decisão de não ser candidato. Tive cinco mandatos federais, já por experiência no Executivo. Todas foram vitoriosas, porque de todas eu tiro uma lição. Se você me perguntar que lição eu tiro da política, eu digo que sempre devemos ter respeito com os correligionários e adversários. Eu aprendi que, por conta dos gestos, adversários, às vezes, não são para sempre. Isso é uma lição que eu trago para a vida, que você tem que caminhar sem desmanchar as pontes. Porque você pode precisar usá-las outras vezes. Por mais que a vida seja para frente, você não pode desmanchar as pontes que usou.
O senhor pode citar um exemplo concreto?
Eu tenho dois exemplos. Já fui adversário de Dr. Miguel Arraes, Eduardo Campos. Dr Arraes... Terminamos com uma amizade extremamente fraterna. Sou amigo da família, sou liderado do governador, que tem tido comigo um gesto de cavalheirismo e grandeza. E o próprio presidente da República. Na sua primeira eleição eu não votei nele. Votei em José Serra, eu estava no PSDB. Depois (em 2006) votei no Lula e terminei cuidando da articulação política do seu governo. Dois anos quase como ministro que eu passei - 1 ano e dez meses. Eu acho que saí numa boa hora, num momento em que eu estou como ministro. Eu não queria disputar mais nenhuma eleição.
Por que ministro?
Porque já estava na hora. Eu acho que a gente mesmo tem que estabelecer um tempo. O grande desafio do Ministério era intermediar. Era da minha função receber todas as pessoas, deputados e senadores. Eu atendia uma média de 40 pessoas por dia. No final do ano, esse número subia para 70, 80. Teve dia de eu atender, no final do ano, por conta de emendas ao orçamento, 90 pessoas. Era negócio de você começar 8h30 da manhã e terminar 1h30, 2h da madrugada. Como eu era a interlocução do Executivo com o Legislativo, eu tinha a obrigação de fazer com que cada deputado e cada senador se sentisse bem atendido pelo Governo.
Como o Lula sairá da Presidência, em sua opinião?
Muitíssimo bem, como o maior presidente da história da República brasileira.
Isso credencia o presidente para voltar em 2014, caso sua candidata não vença a eleição do ano que vem?
Olhe, eu vou dizer uma coisa a você. Acho que, em 2014, ele volta pelo “0800”. Não tem um negócio de “0800” na televisão?! Ele não é mais um Lula do PT. Ele, hoje, é um Lula do Brasil, um Lula do mundo. Ele está acima dos partidos. Ele é, verdadeiramente, uma pessoa especial. Se você me perguntar o que teve de melhor nesse momento meu, no Governo, foi conhecer o presidente Lula.
Foi nesse período que se deu a sua aproximação com o governador de Pernambuco?
Eduardo é uma das pessoas que ele (Lula) mais quer bem. Ele quer bem a Eduardo assim como a um irmão mais novo, um filho mais velho. Ele tem por Eduardo, assim, uma profunda admiração, uma confiança absoluta. Posso dizer que ele tem um ‘querer bem’ a Eduardo. Se você me pedir para listar cinco pessoas a quem o presidente mais quer bem, eu tenho certeza que Eduardo será uma delas.
E quem seriam as outras quatro?
Gilberto Carvalho (Chefe de gabinete da Presidência) é um deles. Os outros três eu deixo por contra do presidente (risos).
O senhor começou a carreira política em partidos da Direita, foi para o PSDB e terminou no PTB...
Arena, PDS e PFL são uma coisa só. Depois do PFL nós fomos para o PSDB. Depois, por uma questão local, para o PTB. Não foi por nenhuma questão com algum dirigente do PSDB, até porque eu tenho com o senador Sérgio Guerra uma amizade de infância, fui votado por todos os senadores do PSDB. Quando líder, sempre tive com os líderes do PSDB um contato bom e produtivo. Por uma questão de espaço nós sentimos e fomos todos para o PTB: Roberto Magalhães (deputado federal), Joaquim Francisco (ex-governador, hoje no PSB), José Chaves (deputado federal), Luíz Piauhylino (ex-deputado, hoje no PDT) e eu.
O que o motivou a sair do PFL e depois do PSDB? Estava se achando pouco aproveitado?
Estava na hora de procurar mais espaço. Nunca neguei as boas relações que tenho com o senador Marco Maciel (DEM), com os que fazem hoje os Democratas aqui em Pernambuco, com Dr. Roberto Magalhães, que foi quem me colocou na política (foi secretário de Transportes do governo do ex-pefelista, no início da década de 80). Eu tenho deles boas lembranças e aprendi bastante com eles. Mas em política você tem que procurar o seu caminho (mais uma ligação em decorrência do seu aniversário), você tem que procurar o seu espaço. E a minha história mostra que foi uma decisão acertada. Depois que eu fui para o PTB, virei líder de partido, líder de governo, ministro. Tudo isso num partido que ninguém imaginava.
Então o senhor acredita que foi pouco utilizado no antigo PFL e no PSDB?
Não era que eu fosse pouco utilizado, tinham pessoas que, naquela hora, tinham mais créditos do que eu.
Como o senhor avalia a eleição do ano que vem em Pernambuco? Acredita que o senador Jarbas Vasconcelos será candidato?
Eu acredito que o senador Jarbas será candidato. Mas a chapa que eu gostaria de votar é: Eduardo Campos (governador), João Lyra (vice), Armando Monteiro Neto (PTB) e João Paulo (PT) para o Senado. Não sei, ainda, porque não conheço as limitações de um ministro do Tribunal de Contas. Mas o que eu puder fazer dentro do que é permitido eu farei.
Suas bases, ministro, com quem ficarão?
Quando digo que vou discutir com o governador o destino das minhas bases vou ver qual a orientação do governador. Tem uma prerrogativa que é um comprometimento das minhas bases com o meu senador, Armando Monteiro. Isso é uma condição sine qua non (sem a qual não). Mas acho que a melhor pessoa para orientar e ser o parceiro disso é o governador.
Na última quinta-feira, Eduardo Campos disse que a divisão será feita pelos dois...
Vamos conversar, tem tempo. Deixa passar essa semana. Isso (a divisão das bases) não terá problema nenhum.
Será como Eduardo Campos anunciou: por critério de afinidade?
Você precisa conversar com os prefeitos também, e é o governador que vai fazer.
Como o senhor avalia a boa votação que obteve no Senado?Acho que aquele voto que apareceu contra foi por engano. Sinceramente. Porque todos falaram, não houve quem não falasse. E todos sequer me fizeram perguntas. Então, aquele voto contra poderia ter sido de alguém que me tivesse feito uma pergunta e que eu não tivesse respondido a contento. Mas como falaram os 26 (parlamentares da Comissão de Assuntos Econômicos), eu acho que alguém se enganou na hora de votar. Eu prefiro pensar assim a ficar remoendo um questionamento de quem foi.
Seu conhecimento sobre o TCU aumentou depois de um final de semana estudando para a sabatina da última terça-feira?
Na realidade, eu não poderia estudar o TCU, nem saber sobre o TCU sem antes ser do TCU. Sem antes da indicação do presidente. Seria até um desafio a sorte (novo telefonema). Fui ver a estrutura do TCU, como era o seu funcionamento.
O senhor tem alguma intenção de voltar à política, quando se aposentar do TCU, em 2018?
Está longe ainda. Posso dizer a você que gosto da política. Eu faço política com facilidade porque sou um ser político. Eu não sou assim porque sou político, sou político porque sou assim. É uma coisa completamente diferente. Eu não crio tipo, nunca deixei de ser Zé Múcio. Faço política todo dia, gosto de gente. Não tenho queixas da política, pelo contrário. O que eu sou hoje foi graças à política. Sou gratíssimo ao povo de Pernambuco, que me deu cinco mandatos. O povo de Pernambuco foi sábio (em 1986, na eleição para governador) quando colocou Dr. Arraes fazendo um resgate eleitoral da história, devolvendo a ele o mandato que eles (da ditadura) haviam tomado. Mas foi generoso comigo quando me compensou com cinco mandatos.
Por que o senhor entrou na eleição de 1986 se sabia que iria perder?
Acho que na vida você se valoriza pelos amigos que tem e até nas escolhas dos adversários. Eu não era inimigo de Dr. Arraes. Às vezes me questiono: se eu tivesse ganho, eu teria chegado até aqui? São esses caminhos da vida que você não tem resposta. Quantos queriam disputar? Você pode me fazer essa pergunta, que eu posso até atenuar: ‘quantos queriam perder’? Ele voltava como um mito, mas eu não poderia perder aquela chance, aos 38 anos, de disputar um governo com Dr. Miguel Arraes.
A experiência foi válida, então?
Tem vitórias que não lhe promovem e derrotas que lhe promovem. Posso lhe dizer que essa derrota foi uma das peças mais importantes do meu currículo. Não foi uma derrota, eu não venci.
Ministro, o senhor corrobora com as críticas de muitos governantes sobre um eventual excesso de fiscalização por parte do TCU?
Isso é o que eu escuto. Poderei responder melhor quando estiver lá. Conheço a versão de quem se queixa, não conheço a versão de quem faz a fiscalização. Evidentemente, acho que tudo na vida o fundamental é o diálogo. Na hora em que você deixa de dialogar, você deixa de conversar, é porque, verdadeiramente, o papel político foi encerrado. A gente precisa conversar mais, dizendo uma frase que eu disse no meu discurso: ‘desatar nós e reatar os laços’.
Qual a sua avaliação acerca do cenário para a sucessão presidencial? É favorável à duas candidaturas ou prefere uma candidatura única?
Em tendo dois palanques, o Governo precisa ter cuidado com os discursos para não inviabilizar o entendimento. Na política é sempre muito importante você deixar o caminho do entendimento. As coisas na política nunca são para sempre. Os adversários nunca são para sempre.
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