domingo, 27 de setembro de 2009

Fora do poder, DEM míngua


Em 2007, o então PFL resolveu mudar de nome para Democratas, ou simplesmente DEM. Era uma tentativa de dar uma nova roupagem a um partido que outrora deteve uma enorme força política, fruto de uma convivência mais do que próxima ao poder desde sua fundação, e com um perfil ligado aos grotões, comandado por políticos de cabelos brancos. A mudança não impediu um processo de encolhimento que já vinha ocorrendo em todo o País. Em Pernambuco, a situação é ainda mais grave: a sigla está fora do poder nas três esferas, e assiste a um processo de perda de influência e de quadros. No bojo de uma campanha para levantar a autoestima e impedir o desânimo em suas fileiras, os ex-pefelistas, agora democratas, preferem trocar o termo “desnutrição” por “lipoaspiração”, para designar o seu novo tamanho no tabuleiro político.
Além de trocar de “embalagem”, a sigla resumiu-se, passou de uma agremiação de numerosas lideranças para uma legenda “lipoaspirada”, conforme definiu o vice-presidente nacional do Democratas, deputado federal, André de Paula. A sensível baixa nos quadros com exercício de mandato se deve, aos olhos do dirigente, mais à permanência da sigla na oposição do que a arroubos de ideologia dos filiados. Na planície, desde que o presidente Lula assumiu o poder, o DEM esteve acomodado na ala governista durante longo período - que vai da gestão de José Sarney (1985-1989) até a de Fernando Henrique Cardoso (1995-2006). Hoje possui, no Executivo, apenas um governador, José Roberto Arruda (DF) e um prefeito de uma grande capital, Gilberto Kassab (SP).
A defecção de lideranças, no entanto, não é reconhecida como demérito, mas como uma valorosa “assepsia”, na interpretação de André de Paula. “Políticos que não sobrevivem sem estar na órbita do poder foram percebendo que não tinham mais o que buscar no Democratas”, analisou o parlamentar. A reflexão se dá num momento em que, via especulações, o partido vê posta em xeque sua sobrevivência em Pernambuco. As últimas perdas são os deputados estaduais Sebastião Rufino e Ciro Coelho. Ambos migrarão para o PSB, presidido nacionalmente pelo governador Eduardo Campos. Depois de articular nos bastidores e não conseguirem sinal verde para sair, os dois parlamentares decidiram, nesta última semana, “arrumar as malas” e arcar com as consequências.
Na última segunda-feira, o presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, de passagem pelo Recife, fez questão de avisar que é orientação expressa da executiva nacional não perdoar os mandatos dos desertores. O dirigente explicou que a legenda provocou a Justiça a aprovar a resolução da fidelidade partidária e que seria incoerente não cumprir o estabelecido agora.
Questionado sobre a postura do senador Marco Maciel, que teria ficado com as rédeas da negociação com Ciro Coelho, André de Paula destacou que ele não constrangeria amigos, muito menos faria pressão política. E garantiu que não é intenção do partido “prender” ninguém. “Política é como amor, você pode paquerar, namorar, mas só permanece casado enquanto houver amor”, comparou o deputado.

Folha de Pernambuco

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