quinta-feira, 5 de março de 2009

Petrolina:Murilo Cavalcanti fala sobre ações de segurança

Murilo Cavalcanti
Secretário de Segurança Cidadã,Juventude e Esporte


Em 30 de janeiro de 2003, um fato mudou para sempre a vida do então empresário da noite Murilo Cavalcanti, que à época exercia o cargo de diretor de Fernando de Noronha no Governo Jarbas.
Sua irmã, Mosana Cavalcanti, após sair de um banco, foi assaltada às 15 horas, em plena Avenida Boa Viagem, e levou um tiro que a deixou paraplégica. A partir daí, Murilo passou a coordenar o Movimento Brasil sem Armas, e foi conhecer várias experiências de redução da violência. Tornou-se parceiro de Hugo Acero, o especialista em segurança mais conhecido e respeitado da América Latina.
Convidado pelo prefeito, Júlio Lossio,PMDB, Petrolina para ser Secretário de Segurança Cidadã, Juventude e Esporte, tem agora o desafio de coordenar as ações de segurança de uma cidade com 270 mil habitantes, com uma cidade vizinha muito mais pobre (Juazeiro), com quase a mesma população


Você tem sido um crítico das políticas de segurança pública implantada nos últimos 15 anos em Pernambuco, agora é Secretário de Segurança de Petrolina, está preparado para as críticas?

Houve uma sucessão de erros, equívocos, omissões de todos os Governos que estiveram no Poder a partir dos anos 90, diante da segurança pública.
Joaquim Francisco não tinha um programa, Arraes não gostava do tema e ao Governo Jarbas faltou gestão. Além do mais os prefeitos da RMR não ajudaram, ou melhor, se omitiram completamente, fazendo de conta que o problema não era com eles.
Há cinco anos venho estudando profundamente este assunto, fui 5 vezes a Bogotá e Medellín na Colômbia, que eu reputo como a mais exitosa experiência de segurança cidadã e transformação social da América Latina. Vou tentar replicar em Petrolina a experiência de Bogotá. Já conversei com Hugo Acero (ex-secretário de segurança de Bogotá por 9 anos), que é o maior especialista do mundo em Segurança Pública Cidadã. Ele vai nos ajudar.
Vou bater na porta do Governador Eduardo Campos, do Ministério Público e do Judiciário para firmar parcerias. O prefeito Julio Lóssio está muito disposto a fazer de Petrolina uma referência nacional. A sua liderança e carisma serão fundamentais para que o plano venha a dar certo.

Mas no Governo Jarbas, do qual você fez parte (como Diretor de Noronha), se investiu muito em segurança, e o resultado está aí. O que deu errado?


O Governo Jarbas começou mal com a greve da Polícia Militar. Uma greve dura, longa e radicalizada. Delegaram a Lucia Pontes (ex-secretária de Governo) a negociação com o comando de greve. Lucia era uma inexperiente neste assunto. Até hoje as feridas estão abertas. Faltou gestão no Governo Jarbas nessa área.


Petrolina tem um tipo diferente de violência. Aparentemente não é a bagunça que está na Região Metropolitana.

Petrolina tem dois tipos de ocorrência distintas, uma nos núcleos dos perímetros irrigados, causados mais por bebida e desavenças pessoais e comportamento machista, e uma violência urbana caracterizada pela migração de pessoas de diversas regiões do Brasil que acabam se envolvendo na delinquência urbana. Vamos começar por esta última. Em 90 dias teremos um plano concreto, e apresentaremos para as autoridades e a sociedade petrolinense


Muita gente comenta que é um erro pensar que o Poder Público municipal tenha força para implementar ações contra a violência, já que a Polícia é estadual.
Violência não é só um problema de polícia. Iluminação pública de qualidade, construir parques, bibliotecas e praças nos bairros mais pobres não é problema de polícia. Monitorar jovens fora de sala de aula e em situação de risco é um problema do Prefeito, e não da Polícia. E essas são as principais causas da violência urbana.
Em Petrolina nossas ações contemplarão duas vertentes. A mão dura, com fortalecimento da guarda municipal, ordem pública e punição exemplar aos delinquentes, e para isso preciso da ajuda do Judiciário. E por outro lado, a mão amiga, que são as melhores obras, as melhores escolas, os melhores postos de saúde, para a população mais pobre.


É possível realizar em Pernambuco o que foi realizado em Bogotá no âmbito da segurança pública?
Claro que sim. Bogotá é a mais exitosa experiência de combate à violência urbana da América Latina. A Colômbia é um país mais pobre do que o Brasil. Os problemas de lá (desigualdade, delinqüência juvenil, corrupção policial, impunidade, etc) são os mesmos do Brasil, de Pernambuco e do Recife. Só que eles estão revertendo este quadro. O Brasil não.


E em Petrolina?
Vamos replicar literalmente em Petrolina a experiência de Bogotá, ou seja : as melhores obras, as melhores escolas, as melhores praças para a gente mais pobre. A cidade terá ordem pública urbana e vamos solicitar do judiciário punição a todos, não importa a natureza ou o tamanho do delito cometido.

Qual será a sua primeira ação à frente da área de segurança em Petrolina?
Montar informações confiáveis e transparentes para todos os tipos de delitos cometidos em Petrolina. Sem dados confiáveis é impossível se construir políticas e programas eficientes de segurança cidadã.

As suas ações na prefeitura de Petrolina servirão para mostrar ao governador Eduardo Campos que é possível enfrentar a criminalidade com eficiência?

Não tenho esta pretensão. As minhas ações serão no sentido de que o Prefeito eleito, Júlio Lóssio, entregue ao final de seu mandato, uma cidade muito mais segura do que encontrou e que Petrolina seja referência de um lugar aonde a cultura cidadã faça parte do cotidiano de seus moradores.


do acertodecontas, atualizado por Josélia Maria

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