terça-feira, 24 de março de 2009

Para Lula, crise não contém despesa


Tomando como emblema a abertura de mais uma indústria nacional, desta vez em solo nordestino, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a combater qualquer evidência do efeito do colapso financeiro mundial no Brasil, afirmando que “não é crise para contenção de despesa”. Ontem, durante inauguração da primeira unidade da Sadia no Nordeste, no município pernambucano de Vitória de Santo Antão, o presidente enalteceu a iniciativa da empresa, que investiu R$ 338 milhões na nova unidade. “O que vence a crise é o investimento que gere emprego e renda para o País”.
A planta da Sadia vinha sendo construída desde o início de 2008, mas um prejuízo de R$ 760 milhões, provocado pela crise econômica, fez a marca desacelerar seu ritmo de construção por 30 dias em setembro passado. “Há 60 anos presente no mercado, exportando para dezenas de países, a Sadia poderia ter se instalado em qualquer parte, mas escolheu o Estado para edificar sua planta mais moderna. Foi uma decisão corajosa”, comentou. “Assim debelamos a crise causada pela irresponsabilidade do sistema financeiro internacional”, acrescentou o presidente em entrevista a uma rádio local.
“Não vamos parar com nenhuma obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O pior período aqui já passou, que foi outubro, novembro, dezembro e janeiro. Em fevereiro deste ano, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revelou um acréscimo de 9 mil vagas de trabalhos formais”, discursou Lula. “Este País não tem de ter medo de crise. É como uma gripe num cabra macho; ele vai trabalhar e não perde um dia de serviço por causa da gripe”, metaforisou o presidente.
Mesmo tendo taxado de “asneira profunda” a crítica de que teria demorado a tomar medidas anticrise, Lula reconhece alguns desafios em sua gestão. De acordo com ele, 30% do crédito no Brasil é obtido no exterior, e agora se voltará ao financiamento interno diante da escassez estrangeira, mas o País talvez não tenha margem para abarcar a demanda. Além disso, a exportação brasileira tem retraído, “por isso a abertura de crédito para a indústria automobilística, que detém 24,5% do PIB (Produto Interno Bruto)”, disse Lula. Por fim, o acesso ao capital de giro, levando ao alongamento da dívida dos empresários. “A Sadia se surpreenderá com a força de trabalho nordestina e ainda terão muito orgulho de terem erguido uma planta aqui”.

Folha de Pernambuco

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