quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ponte construída em Ibó começa a gerar polêmica



Flávio José
24/09/2008


Travessia foi interditada esta semana pelos próprios moradores da região
MOTORISTAS não podem trafegar por ponte e utilizam balsas como alternativa

RICARDO PERRIER
A demora na conclusão de obras de infra-estrutura nos arredores da ponte sobre o Rio São Francisco, responsável pela ligação entre povoados que dividem Pernambuco e Bahia, cria uma cena inusitada. A ponte no município de Ibó ficou pronta em janeiro deste ano e foi liberada no início de março, mas os motoristas não podem fazer a travessia porque ela foi interditada pelos próprios moradores da região, como uma forma de pressão para que as melhorias no seu entorno possam ser terminadas.
Os moradores reivindicam a desapropriação e indenização de casas que ficam às margens da rodovia BR-116 - uma alternativa para quem não deseja pegar a balsa -; a construção de uma nova faixa de pedestre para a travessia da ponte; a construção de um acostamento no trecho próximo à ponte e a construção de avenidas paralelas à rodovia. Também querem a implantação de lombadas e quebra-molas no trecho urbano da BR, de forma a forçar a diminuição da velocidade dos veículos pesados.
Segundo a Associação dos Trabalhadores no Transporte Fluvial de Ibó PE/BA, o fluxo diário de veículos que recorrem às balsas gira entre mil 1.000 a 1.500. A conclusão da obra poderá acarretar na diminuição do trabalho dos balseiros. Com medo, a categoria alega que o serviço responde por 70% da renda dos moradores dos povoados de Ibó.
“Se não fosse pelas balsas acho que eu já estaria no mundo há muito tempo, pois por aqui não há emprego disponível”, revelou o balseiro José Cléber do Nascimento, 21. Rivaldo dos Santos, 28, casado e pai de quatro filhos, trocou o trabalho na roça pela sobrevivência atravessando veículos e cargas sobre o Velho Chico. “Caso a atividade termine, terei que voltar à agricultura, mas não aqui no Ibó, pois não dá”, informou.
Hoje, os trabalhadores alegam já estar sofrendo uma queda na travessia, já que muitos caminhoneiros preferem utilizar a BR-116 - uma das principais do País - para sair de um estado para o outro. “Queremos a implantação de um pedágio na ponte ou mesmo o recebimento de salário-mínimo para os balseiros, a título de indenização. Esses trabalhadores estão com medo de ficarem desempregados após a liberação da ponte”, explicou o presidente da Associação, Paulo Vanderlei Gonçalves Gomes, 33.
Há duas semanas Paulo esteve reunido com o secretario especial da Juventude e Emprego, Pedro Mendes, para discutir o problema. “Ele ficou de repassar o problema para a análise do governador Eduardo Campos. Mas até agora não há resposta do Governo”, adiantou o sindicalista.
OBRA obra de construção da ponte foi iniciada em 23 de abril do ano passado, a um custo total de R$ 21,3 milhões.

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