Alanir Cardoso-Presidente Estadual do P C do B de Pernambuco
O presidente do PCdoB em Pernambuco, Alanir Cardoso, recebeu, recentemente, o direito de anistia concedido pelo Ministério da Justiça. O comunista foi militante do movimento Ação Popular (AP) que, durante a ditadura no Brasil, trabalhou junto à população por um país melhor. Além da Alanir Cardoso, o pastor Frederick Birten Morris e o bispo emérito da igreja católica da Paraíba, Dom Pinto Carvalheira, também receberam o indulto.
Com o direito de anistia, Alanir Cardoso recebe formalmente, do Estado brasileiro, um pedido de desculpas pelas injustiças cometidas contra ele, no período do regime militar no Brasil (1964-1985), uma indenização e uma pensão mensal.
Em entrevista ao Vermelho, o presidente do PCdoB/PE falou de como recebeu a notícia da anistia, do tempo de lutas no movimento Ação Popular (AP), do processo de democratização do país e dos novos (ou velhos) desafios da sociedade.
Vermelho – Quando recebeu a notícia da anistia?
Alanir Cardoso – Eu estava presente no julgamento desse processo, que ocorreu na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Brasília. Estes direitos de anistia estão sendo analisados pelo Ministério da Justiça a partir de um projeto chamado “Caravana da Anistia” que julga os processos por setores, como jornalistas, metalúrgicos. Categorias que tiveram seus profissionais perseguidos, presos, torturados e, em muitos casos, mortos durante a ditadura. E o meu, foi julgado junto aos processos de atos contra religiosos.
Vermelho – O que representa a chegada desse direito de anistia?
Alanir – Significa um pequeno passo nesta luta para punir os autores e os mandantes dos crimes que foram cometidos contra nós naquela época. Durante o julgamento do meu processo ficou muito clara, por exemplo, a necessidade de se encontrar os corpos de presos políticos que estão desaparecidos desde aquele tempo e que não tiveram direito a uma sepultura digna.
Vermelho – Mudou muita coisa daquele período aos dias de hoje?
Alanir – Sim, mas a luta não foi toda concluída. É preciso, por exemplo, encontrar os corpos dessas pessoas. Hoje, são centenas de corpos que ainda não foram encontrados. Então, precisamos continuar lutando. Além de punir também os mandantes desses crimes, porque a justiça pune apenas os autores e não os mandantes.
Vermelho – Existem conquistas que a gente pode destacar?
Alanir – A realização da anistia é uma delas. O pedido de desculpas do Estado brasileiro é assumir um erro. A liberdade partidária, o voto direto, a Constituinte de 1988 quando conseguimos desfragmentar todo o sistema imposto pelos militares são conquistas valiosíssimas.
Vermelho – Como você entrou para o movimento Ação Popular?
Alanir – Foi um impulso natural porque a grande maioria dos brasileiros queria uma sociedade nova, diferente daquela que torturava e matava as pessoas. O Ação Popular fazia parte da luta geral do povo e eu me identifiquei com aquilo.
Vermelho – Como era o trabalho do AP?
Alanir – O Ação Popular era um movimento extremamente do povo, que tinha uma grande influência sobre os movimentos sociais. Sobretudo com a juventude, os operários e os camponeses. Foi um movimento que cumpriu um papel importantíssimo, por exemplo, nas discussões sobre reformas política, agrária, urbana e no ensino. Ou seja, a questão das reformas democráticas no país não é um assunto novo. Nós já estamos discutindo isso há bastante tempo.
Vermelho – Como foi a transição do AP para o PCdoB?
Alanir – O Ação Popular, que foi fundado por um setor progressista da igreja, tinha os ideais de uma sociedade mais justa e igualitária. O movimento estava crescendo quando nossos militantes tiveram uma aproximação com os militantes do PCdoB, que também tinha e tem estes ideais do socialismo e o espírito revolucionário do marxismo. Descobrimos aí que éramos muito parecidos (Ação Popular e PCdoB) e, mais ainda, que o PCdoB era tudo aquilo que queríamos ser quanto partido. Então, por que não nos unirmos? Dessa maneira, em 1972, o Ação Popular se incorporou ao Partido Comunista do Brasil.
Vermelho – Além da luta pela democracia, que outras conquistas pessoais você obteve enquanto esteve no AP e, agora, no PCdoB?
Alanir – Não só eu, como muitas outras pessoas, fizeram do Ação Popular e fazem do PCdoB uma grande escola. É na militância coletiva e na participação das lutas populares que o individuo se forja, se desenvolve. Eu digo isso por mim, mas acredito que isso vale para muita gente também.
Vermelho – Atualmente, o país vive um regime democrático. Acabamos de sair de um exemplo disso que foram as eleições municipais. Pelo que se luta hoje?
Alanir – Ainda se luta por muita coisa daquele tempo e que ainda não foi conquistada. O que mudou foi a forma de lutar. Durante a Guerrilha do Araguaia, por exemplo, nos chegamos a cogitar a luta armada, mas hoje os tempos são outros, nós travamos uma luta institucional. Através dos partidos. Acabamos de sair de uma eleição, mas já estamos nos projetando para 2010, nos preparando para criar um novo quadro.
Do Recife,Daniel Vilarouca
Em entrevista ao Vermelho, o presidente do PCdoB/PE falou de como recebeu a notícia da anistia, do tempo de lutas no movimento Ação Popular (AP), do processo de democratização do país e dos novos (ou velhos) desafios da sociedade.
Vermelho – Quando recebeu a notícia da anistia?
Alanir Cardoso – Eu estava presente no julgamento desse processo, que ocorreu na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Brasília. Estes direitos de anistia estão sendo analisados pelo Ministério da Justiça a partir de um projeto chamado “Caravana da Anistia” que julga os processos por setores, como jornalistas, metalúrgicos. Categorias que tiveram seus profissionais perseguidos, presos, torturados e, em muitos casos, mortos durante a ditadura. E o meu, foi julgado junto aos processos de atos contra religiosos.
Vermelho – O que representa a chegada desse direito de anistia?
Alanir – Significa um pequeno passo nesta luta para punir os autores e os mandantes dos crimes que foram cometidos contra nós naquela época. Durante o julgamento do meu processo ficou muito clara, por exemplo, a necessidade de se encontrar os corpos de presos políticos que estão desaparecidos desde aquele tempo e que não tiveram direito a uma sepultura digna.
Vermelho – Mudou muita coisa daquele período aos dias de hoje?
Alanir – Sim, mas a luta não foi toda concluída. É preciso, por exemplo, encontrar os corpos dessas pessoas. Hoje, são centenas de corpos que ainda não foram encontrados. Então, precisamos continuar lutando. Além de punir também os mandantes desses crimes, porque a justiça pune apenas os autores e não os mandantes.
Vermelho – Existem conquistas que a gente pode destacar?
Alanir – A realização da anistia é uma delas. O pedido de desculpas do Estado brasileiro é assumir um erro. A liberdade partidária, o voto direto, a Constituinte de 1988 quando conseguimos desfragmentar todo o sistema imposto pelos militares são conquistas valiosíssimas.
Vermelho – Como você entrou para o movimento Ação Popular?
Alanir – Foi um impulso natural porque a grande maioria dos brasileiros queria uma sociedade nova, diferente daquela que torturava e matava as pessoas. O Ação Popular fazia parte da luta geral do povo e eu me identifiquei com aquilo.
Vermelho – Como era o trabalho do AP?
Alanir – O Ação Popular era um movimento extremamente do povo, que tinha uma grande influência sobre os movimentos sociais. Sobretudo com a juventude, os operários e os camponeses. Foi um movimento que cumpriu um papel importantíssimo, por exemplo, nas discussões sobre reformas política, agrária, urbana e no ensino. Ou seja, a questão das reformas democráticas no país não é um assunto novo. Nós já estamos discutindo isso há bastante tempo.
Vermelho – Como foi a transição do AP para o PCdoB?
Alanir – O Ação Popular, que foi fundado por um setor progressista da igreja, tinha os ideais de uma sociedade mais justa e igualitária. O movimento estava crescendo quando nossos militantes tiveram uma aproximação com os militantes do PCdoB, que também tinha e tem estes ideais do socialismo e o espírito revolucionário do marxismo. Descobrimos aí que éramos muito parecidos (Ação Popular e PCdoB) e, mais ainda, que o PCdoB era tudo aquilo que queríamos ser quanto partido. Então, por que não nos unirmos? Dessa maneira, em 1972, o Ação Popular se incorporou ao Partido Comunista do Brasil.
Vermelho – Além da luta pela democracia, que outras conquistas pessoais você obteve enquanto esteve no AP e, agora, no PCdoB?
Alanir – Não só eu, como muitas outras pessoas, fizeram do Ação Popular e fazem do PCdoB uma grande escola. É na militância coletiva e na participação das lutas populares que o individuo se forja, se desenvolve. Eu digo isso por mim, mas acredito que isso vale para muita gente também.
Vermelho – Atualmente, o país vive um regime democrático. Acabamos de sair de um exemplo disso que foram as eleições municipais. Pelo que se luta hoje?
Alanir – Ainda se luta por muita coisa daquele tempo e que ainda não foi conquistada. O que mudou foi a forma de lutar. Durante a Guerrilha do Araguaia, por exemplo, nos chegamos a cogitar a luta armada, mas hoje os tempos são outros, nós travamos uma luta institucional. Através dos partidos. Acabamos de sair de uma eleição, mas já estamos nos projetando para 2010, nos preparando para criar um novo quadro.
Do Recife,Daniel Vilarouca
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