sábado, 11 de outubro de 2008

ACM Neto adere a João Carneiro



SALVADOR - A sexta-feira encheu de pimenta a já animada eleição à prefeitura de Salvador (BA). O anúncio do apoio do Democratas à candidatura de João Henrique Carneiro (PMDB) à reeleição já era esperado, mas o esclarecimento de alguns pontos da negociação entre os partidos - e alguns outros - fizeram avançar especulações sobre o futuro político baiano.
O anúncio oficial do DEM foi feito no início da tarde. Participaram do evento, além de Carneiro e do presidente peemedebista na Bahia, Lúcio Vieira Lima, o presidente estadual do DEM, Paulo Souto, e o candidato derrotado do partido à prefeitura, Antonio Carlos Magalhães Neto - ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 26,68% dos votos.
O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB, articulador do acordo - e anticarlista histórico -, preferiu ficar em Brasília. Lá, limitou-se a dizer que se sente "feliz com os apoios que o partido vem recebendo". Seu irmão, Lúcio, pareceu mais animado: "A candidatura (de Carneiro) ficou fortíssima", comemorou, durante o anúncio.
De acordo com Neto, o apoio é baseado apenas em propostas de governo, sem negociação de cargos. Para selar a aliança, Carneiro assinou um documento no qual se compromete, se for reeleito, a pôr em prática promessas de campanha de Neto, como a criação de um órgão especial de combate à violência e a expansão do número de escolas com aulas em tempo integral na cidade.
A formalização do apoio mostra um quadro político singular no País: tanto os dois maiores partidos que dão sustentação ao governo federal, PT e PMDB, quanto os dois maiores da oposição, PSDB e DEM, se enfrentam no segundo turno. No início da semana, os tucanos, do candidato derrotado Antonio Imbassahy (quarto lugar, com 8,3% dos votos), anunciaram o apoio formal à candidatura de Walter Pinheiro (PT).
Geddel
No cenário, quem emerge como grande liderança da política baiana é o ministro Geddel. No momento, ele tem aliados no PT e no DEM, as duas outras grandes forças no Estado. No governo estadual, capitaneado por Jaques Wagner (PT), o PMDB tem o vice-governador e secretários. Na disputa eleitoral municipal de Salvador, conseguiu atrair os Democratas para enfrentar o PT.
Além disso, o crescimento do PMDB no Estado foi expressivo na eleição. O partido elegeu 114 prefeitos, ante 68 do PT, segundo colocado, e 43 do DEM. Antes do pleito, os prefeitos peemedebistas eram 57.
A popularidade do ministro já leva lideranças políticas a admitir que ele prepara sua candidatura ao governo do Estado em 2010 - quando enfrentaria o atual governador, hoje parceiro político. "A decisão da candidatura não é mais dele, é o povo que está pedindo", diz o deputado estadual da legenda Luciano Simões.
A declaração mais contundente nesse sentido foi feita pelo senador César Borges, presidente estadual do PR, que também anunciou o apoio de seu partido à candidatura de Carneiro - oficialmente, a posição do partido será feita hoje. Ele admitiu que, nas negociações, houve a garantia de que, se Geddel for candidato a governador em 2010, ele será o candidato a senador pelo Estado. "Mas muita coisa ainda pode mudar até lá", admite.
Presidente do DEM na Bahia, Souto fez questão de salientar, durante o anúncio do apoio de seu partido à candidatura de Carneiro, que a aliança se restringe ao pleito de Salvador. ACM Neto, porém, especulou a possibilidade de futuras parcerias. "Quem sabe a gente não está junto lá?", disse, ainda que em tom de brincadeira, quando perguntado sobre a importância do crescimento do PMDB para as eleições de 2010.
PT
O governador Jaques Wagner minimiza os impactos das eleições municipais na Bahia no cenário político projetado para 2010. "Quando fui eleito governador, meu partido tinha menos da metade das prefeituras que tinha o então PFL", lembra. "As articulações para a próxima eleição só devem começar, de fato, no segundo semestre do ano que vem, mas sei que o que se faz hoje tem projeção nesse novo momento, não sou bobo. O que vai importar, mesmo, é como estará a popularidade dos candidatos na época da formação de alianças."
Tribuna da Imprensa

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