domingo, 19 de outubro de 2008

Lula vê preconceito contra Marta em São Paulo e critica Serra


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abraça a candidata petista à prefeitura de São Paulo
Por Maurício Savarese

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado que a candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, "nunca foi perdoada pela elite" por ser antiga defensora dos direitos dos mais pobres e das minorias, como os homossexuais.
A declaração de Lula vem no fim de uma semana em que a campanha da candidata petista sofreu duras críticas por ter supostamente levantado suspeitas sobre a sexualidade do prefeito Gilberto Kassab (DEM) --candidato à reeleição e que leva vantagem nas pesquisas de intenção de voto.
"Quando nós tínhamos esse preconceito, ela defendia (os homossexuais) na TV Mulher", disse Lula em ato com movimentos sociais pró-Marta em São Paulo, referindo-se a um programa apresentado pela petista, antiga ativista pela união civil entre pessoas do mesmo sexo.
"Quem é que participava dessas atividades (Parada Gay) na Avenida Paulista? Quem é que é endeusada na Avenida Paulista? Exatamente essa mulher", completou Lula, enquanto se voltava para um canto onde estavam bandeiras do arco-íris, símbolo homossexual.
Nascido em Guaranhuns (PE) e formado torneiro mecânico, Lula afirmou que Marta, psicóloga oriunda de uma rica família paulistana, sofre mais preconceito do que ele.
"Aqui em São Paulo... tem um bando de gente, que é uma minoria, mas que tem influência, que não aceita que você tenha com seus próprios méritos as mesmas coisas que ela tem. Por isso que eu disse a você, Marta, faz seis anos: eles não vão te perdoar."
O presidente estava acompanhado pelos ministros Orlando Silva (Esportes) e Luiz Barreto (Turismo).
AS POLÍCIAS DE SERRA
Desde o início do ato, para o qual Lula chegou duas horas atrasado, vários apoiadores de Marta citaram a crise na polícia paulista, depois de policiais civis, em greve, terem entrado em confronto com militares que barravam o acesso ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, na última quinta-feira.
Lula criticou o governador José Serra por ter afirmado que o incidente teria tido motivação eleitoral. O tucano defende a candidatura do seu ex-vice Kassab para a prefeitura de São Paulo.
"O governador Serra não tinha o direito de, me conhecendo como ele me conhece, acusar o PT. Eu espero que, em algum momento, ele peça desculpas por essa heresia que ele falou", afirmou.
"Quem não quer ser cobrado pelo povo que não entre no governo... isso (o protesto dos policiais civis) é democracia. Por que eu vou ficar nervoso se sindicalista for para Brasília para fazer passeata? Tem é que fazer mesmo."
Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse que não falaria durante o evento para evitar críticas de uso eleitoreiro da greve dos policiais civis e informou que na terça-feira representantes da classe se reunirão com o ministro da Justiça, Tarso Genro.
A paralisação da polícia civil paulista conta com apoio explícito da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ambas apoiadoras da candidatura de Marta.
(Edição de Isabel Versiani)

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