O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está disposto a intervir na disputa entre PT e PMDB pela presidência do Senado caso os dois partidos insistam em lançar candidatos próprios nas eleições que vão definir a Mesa Diretora da Casa. Em conversas com interlocutores, Lula sinalizou que pode dar a palavra final sobre o candidato governista para evitar que o impasse dentro da base aliada se torne mais acirrado. O presidente ainda não entrou nas negociações porque acompanha, a distância, as primeiras articulações do PMDB em torno da candidatura própria. Embora os peemedebistas não escondam a intenção de ficar com o comando do Senado porque o partido reúne a maior bancada na Casa, os senadores temem que a candidatura própria atrapalhe os planos do deputado Michel Temer (PMDB-SP) de se eleger presidente da Câmara. Deputados do PT fecharam acordo com o PMDB para a eleição de Temer uma vez que os peemedebistas, em 2006, apoiaram o nome do petista Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara. Os petistas, porém, ameaçam romper o acordo caso o PMDB decida brigar pelo comando das duas Casas Legislativas. Em meio ao impasse, Lula disse a aliados que poderia apoiar o nome do senador José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado caso fosse consensual na Casa —inclusive dentro do PT. Sarney nega que esteja disposto a entrar na disputa, mas a interlocutores mostra vontade de ser candidato se o seu nome for unanimidade em todos os partidos —especialmente no PT. O senador deixou claro aos aliados que não quer enfrentar disputa com nenhum candidato. O seu ingresso na corrida pela presidência do Senado está diretamente ligado ao fato de ser o único candidato na disputa. A Folha Online apurou que o PT não está disposto a abrir mão do cargo porque não deseja ver o PMDB no comando da Câmara e do Senado. Os petistas lançaram em jantar na terça-feira o senador Tião Viana (PT-AC) como candidato do partido à sucessão de Garibaldi Alves (PMDB-RN) —que já deu início às conversas nos bastidores com parlamentares em busca de apoio. O racha interno no PT em decorrência da campanha em favor do prefeito eleito de Belo Horizonte (MG), Márcio Lacerda (PSB), não foi superado, o que ficou evidente ontem em Brasília. Lacerda e o atual prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel (PT), conversaram ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por cerca de vinte minutos, mas sem as presenças de ministros mineiros nem do vice-presidente José Alencar (PRB).
A campanha de Lacerda levou a uma divisão interna no PT. O grupo liderado por Pimentel defendeu a aliança com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), em favor do prefeito eleito. Mas setores do PT, contrários à parceria, afirmavam que a decisão favoreceria o nome de Aécio na disputa presidencial em 2010. Na reunião realizada ontem, no Palácio do Planalto, Alencar foi até o gabinete de Lula, cumprimentou Pimentel e Lacerda, mas não ficou para a conversa. De acordo com um dos presentes, Alencar alegou que tinha de cumprir uma agenda pesada de compromissos. Já os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Hélio Costa (Comunicação) não compareceram ao encontro. Também não enviaram mensagens nem telefonaram. Dulci e Patrus foram contrários à aliança do PT com o PSDB. Dulci foi um dos críticos mais duros à parceria. Costa rejeitou o acordo político e lançou de forma independente o nome do deputado Leonardo Quintão (PMDB) para concorrer com Lacerda. O desconforto dos ministros obrigou o presidente Lula a intervir no assunto e pedir que evitassem atritos externos.
Tribuna da Bahia
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