Marina Silva apóia Gabeira

Ex-ministra do Meio Ambiente contraria decisão do PT que fechou aliança com Eduardo Paes
A senadora petista e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (AC) manifestou ontem apoio ao candidato do PV à prefeitura do Rio, deputado Fernando Gabeira, contrariando decisão do PT fluminense, que formalizou apoio a Eduardo Paes, do PMDB. Antes de tornar pública a decisão, a senadora ligou para o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT), e disse que optou por ficar ao lado do companheiro de vinte anos de militância. No primeiro turno, Marina fez campanha para o candidato do PT, deputado estadual Alessandro Molon, que ficou em quinto lugar na disputa, com 4,97% dos votos.
"Compreendo a decisão do PT do Rio e as razões da aliança no contexto do Rio. Mas eu disse ao Berzoini tudo o que vivemos com Gabeira nesses vinte anos. Ele nos alcançou lá no Acre. Seria contraditório não apoiá-lo. Se Chico Mendes fosse vivo, estaria na linha de frente do Gabeira", disse a senadora, lembrando o líder seringueiro assassinado em dezembro de 1988. "Existe um contexto para além das fronteiras do Rio. Gabeira tem muita legitimidade para falar do compromisso socioambiental", afirmou a petista.
Segundo Marina, o presidente do PT disse que compreendia as razões da senadora e não haverá qualquer punição por causa do apoio a Gabeira, que tem um candidato a vice do PSDB. A senadora disse que um grupo de políticos, artistas e intelectuais organiza uma grande lista de apoio a Gabeira, com personalidades de vários pontos do País. Marina afirmou que está à disposição do candidato para gravar um depoimento no programa de TV ou fazer campanha na cidade, se for necessário.
A adesão de Marina Silva segue a estratégia de Gabeira de ganhar adesões individuais, em vez de formalizar alianças com partidos políticos, como tem feito Eduardo Paes. Até agora, a única legenda que anunciou apoio a Gabeira no segundo turno foi o DEM, do prefeito Cesar Maia. Os adversários têm feito discurso da aliança "conservadora" de Gabeira contra os apoios "progressistas" a Eduardo Paes.
Desde a noite da eleição, Gabeira tem dito que não quer "uma sopa de letras", em referência aos partidos políticos, mas apoios consistentes de representantes de vários setores e tendências. Outro trunfo do candidato do PV foi a adesão do arquiteto Oscar Niemeyer, que pediu votos para Jandira Feghali, do PC do B, no primeiro turno.
Embora o PC do B do Rio tenha fechado aliança com Eduardo Paes, Niemeyer disse não ver problema na aliança de Gabeira com o PSDB e o DEM e estará no programa de TV do deputado. Ontem, o PSOL, que disputou com o deputado Chico Alencar (sétimo colocado, com 1,81% dos votos), anunciou que ficará neutro no segundo turno.