Os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Eduardo Suplicy (PT-SP) bateram boca hoje no plenário do Senado com posições divergentes sobre a decisão do ministro Tarso Genro (Justiça) de conceder refúgio político ao ex-militante italiano Cesare Battisti. A discussão teve início depois que Demóstenes reagiu ao discurso de Suplicy, favorável a Battisti. O democrata classificou o italiano de "traficante, guerrilheiro e assassino", o que irritou Suplicy.
"Não há uma testemunha ocular de que ele tenha sido assassino. A prova balística mostrou que foi o pai, na luta com quatro pessoas, nenhuma das quais o Cesare Battisti, que atirou infelizmente no próprio filho, causando uma tragédia com a qual me solidarizo. Vossa Excelência faz diversas afirmações que não são verdadeira", disse o petista.
Demóstenes, por sua vez, disse que o governo brasileiro "passou por cima da Justiça" do país ao conceder o refúgio. "Vossa Excelência está defendendo aqui um guerrilheiro", disse Demóstenes. "Estou defendendo a busca da verdade, o desvendar da verdade", afirmou Suplicy.
Em um duro discurso, o senador democrata disse que o Brasil "está se tornando um local para que aqueles delinquentes que cometeram crimes de sangue possam pedir asilo, possam aqui estabelecer-se na condição de refugiados". Na opinião de Demóstenes, houve uma "conjuração petista" em favor da concessão de refúgio ao italiano --que teria sido, para o parlamentar, orquestrada pelo ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado de Battisti.
"Ele [Greenhalgh] tem se notabilizado por estar enfiado em diversas confusões, principalmente em corrupção. O senhor Tarso Genro cedeu, digamos, a esse movimento. O senhor Cesare Battisti hoje se apresenta como escritor. Desde quando trocar o revólver por uma caneta dá condição de absolver a quem quer que seja?", afirmou Demóstenes.
Antes do discurso do democrata, Suplicy leu carta da escritora francesa Fred Vargas, amiga pessoal de Cesare Battisti, encaminhada ao presidente do parlamento da União Europeia --que vai discutir amanhã o caso do ex-militante italiano.
Na carta, a escritora afirma que Battisti não foi acusado pela Itália de participação em crimes políticos cometidos pelo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), do qual o italiano foi integrante.
Fred Vargas afirma, ainda, que Battisti foi o único condenado em um segundo processo no qual recebeu injustamente a pena de prisão perpétua. "Outros numerosos elementos convergem para demonstrar que Cesare Battisti não participou dos homicídios pelos quais ele foi condenado", afirmou a escritora.
Folha OnLine
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