Na próxima quarta-feira, o PT completa 30 anos de existência. A legenda, que iniciou suas atividades encabeçando greves e paralisações de operários da metalurgia na região do ABC Paulista, chega à maturidade com o desafio de tentar manter acesa a antiga esperança - cantada nos jingles que deram o tom da primeira campanha presidencial da sigla - com a experiência administrativa acumulada nos oito anos de comando no Governo Federal. Com as fichas apostadas na ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a sigla tenta construir a ponte do “pós-Lula” e se firmar como modelo de gestão e partidário de esquerda, independente de figuras específicas.
Com a aprovação da Lei Orgânica dos partidos, em dezembro 1979 (que extinguiu o bipartidarismo no Brasil), as atividades do então Movimento PT foram oficializadas e as discussões que eram conduzidas de formas clandestinas, por conta da Ditadura Militar, ganharam mais corpo e consolidaram o caminho para o surgimento do Partido dos Trabalhadores. Em 10 de fevereiro de 1980, foi lançado o Manifesto de Fundação do PT, no Colégio Sion, em São Paulo. Um documento que baseou a legenda como classista, socialista e de luta e integrado apenas por trabalhadores sem a participação de qualquer representação do patronato.
O formato fora definido durante reunião de sindicalistas, liderados por Luiz Inácio da Silva (Lula), hoje presidente da República. Na ocasião, o grupo declina da proposta de parte da categoria, que clamava por um partido de cunho social-democrata, e fecha a criação de um Partido dos Trabalhadores com caráter socialista. Dois meses depois do lançamento do Manifesto de Fundação do PT, a sigla pediu o seu registro provisório ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, em outubro do mesmo ano, o manifesto foi publicado no Diário Oficial da União.
O PT nascia com o objetivo de representar os interesses da classe trabalhadora no Congresso Nacional. De discutir, no âmbito do Legislativo, as regras e leis que deveriam reger as relações entre operários e patrões no País. Uma representatividade que, antes da criação da sigla, fora questionada por lideranças sindicais, como o próprio Lula. Ao ser entrevistado pela Revista Veja, em 1978, o petista havia dito que “a solução dos problemas do trabalhador não está nos partidos, mas em sua própria classe”. Com o surgimento do PT, a desconfiança passou para um outro lado: a sociedade. O que também refletia em Pernambuco. O discurso de conteúdo radial e a aproximação das ideias petistas com propostas comunistas eram apontados como as razões da inicial descrença no PT, neste período. Lula já era apontado como grande liderança sindical, responsável por encabeçar greves no setor metalúrgico, o que era visto como “ameaça anarquista” às instituições sociais.
“Havia muita desconfiança. Fomos conquistar nosso espaço com muita luta, com muita perseverança. Foi um processo inicial muito pesado e muito difícil”, revelou o secretário estadual de Cidades, Humberto Costa. Um dos fundadores do PT em Pernambuco, o ex-ministro ainda contou que a falta de estrutura amplificou as dificuldades enfrentadas pelos integrantes do novo partido. Ele disse que precisou dormir por várias vezes dentro do seu carro durante as viagens que fazia para o Interior com a missão de levar a proposta petista para os municípios mais distantes da capital. “Nessa época, a gente tinha que montar as comissões provisórias do partido no Interior e eu cansei de dormir com o carro atolado dentro de canavial”, relatou Costa.(Folha de Pernambuco)
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