domingo, 25 de outubro de 2009

DEM e PSDB: conflitos antigos



Há dez anos, em 1999, o senador Sérgio Guerra, hoje presidente nacional do PSDB, arregimentava uma tropa dissidente do PSB, partido do ex-governador Miguel Arraes, e ingressava com o grupo nas bases do Governo Jarbas Vasconcelos (1999-2006). Com a chegada dos novos integrantes, a gestão estadual, assentada basicamente na aliança PFL/PMDB, enfrentaria pontos de conflitos localizados em suas vigas de sustentação. Tal retrospectiva - feita pelo vice-presidente nacional do DEM, deputado federal, André de Paula - narra que a referida turbulência fora provocada por ciumeira política dos então pefelistas (hoje democratas) diante da tomada de espaços de poder por parte dos ex-socialistas.

Nessa úl­ti­ma se­ma­na, já em 2009, as mes­mas le­gen­das vol­ta­ram a viver mo­men­tos de es­tra­nha­men­to, se­me­lhan­tes aos dos tem­pos ini­ciais da aco­mo­da­ção da alian­ça da ex­tin­ta União por Pernambuco (PMDB, PPS, PSDB, DEM). Na troca de far­pas, via Imprensa, o ca­ci­que do DEM, de­pu­ta­do fe­de­ral José Mendonça, acu­sou Sérgio Guerra de que­rer exer­cer he­ge­mo­nia na ree­di­ção da União e de pre­gar a “de­su­nião”. Passados al­guns dias, as li­de­ran­ças alian­cis­tas ado­ta­ram uma pa­la­vra de ordem: “o epi­só­dio está su­pe­ra­do”. Ao tra­çar o pa­ra­le­lo his­tó­ri­co, André frisa que os ruí­dos na po­lí­ti­ca re­pe­tem-se, não se con­fi­gu­ran­do, ne­ces­sa­ria­men­te, em fator de­sa­gre­ga­dor.

Minimizando as pos­sí­veis se­que­las do in­cên­dio recém-apa­ga­do, André lem­bra que atri­tos si­mi­la­res em 1999 - tam­bém en­vol­ven­do me­di­ção de for­ças -, foram tão con­tor­ná­veis, que em 2000, o então no­va­to Guerra já apa­re­ce­ria como can­di­da­to a vice na chapa do pe­fe­lis­ta Roberto Magalhães na dis­pu­ta pela Prefeitura do Recife. E em 2002 se ele­ge­ria se­na­dor di­vi­din­do os votos da ala go­ver­nis­ta com o tam­bém elei­to se­na­dor Marco Maciel (então PFL).

“Hoje temos menos con­fli­tos que na­que­la época, quan­do 80% do lado de Guerra eram li­de­ran­ças que, nos mu­ni­cí­pios, ti­nham po­si­ção an­ta­gô­ni­ca ao PFL e ao PMDB” real­ça André . E con­ti­nua: “E mesmo assim, con­se­gui­mos, na­que­la elei­ção, com tra­ba­lho de dis­ci­pli­na fazer com que Maciel e Sérgio Guerra se ele­ges­sem se­na­do­res com vo­ta­ção si­mé­tri­ca, o que prova que o tra­ba­lho de casar os votos, mesmo com ri­va­li­da­de das bases, fun­cio­nou”.

Recentemente, re­gis­trou-se um mo­vi­men­to mi­gra­tó­rio in­ver­so. Lideranças do DEM e do PSDB, di­ri­gin­do-se para o PSB - atual­men­te no poder pelas mãos do go­ver­na­dor Eduardo Campos, neto de Arraes. Entre os que fi­ze­ram a tra­ves­sia, estão os de­pu­ta­dos ex-de­mo­cra­tas Sebastião Rufino e Ciro Coelho. Antes de ru­ma­rem para as bases go­ver­nis­tas, no en­tan­to, te­riam fler­ta­do com os tu­ca­nos, o que, se­gun­do in­for­ma­ções de bas­ti­do­res, so­ma­ria para es­tou­rar um foco de de­sar­mo­nia entre de­mo­cra­tas e os alia­dos.

Nota-se ainda que o PSDB as­su­miu uma rota de cres­ci­men­to, fi­lian­do, nos úl­ti­mos dias, in­clu­si­ve, nomes li­ga­dos ao Governo Eduardo, como o do ex-pre­fei­to de Vitória de Santo Antão, José Aglailson, que, por sua vez, man­te­ve o filho Aglailson Júnior no PSB. O pa­ren­tes­co não dei­xou de gerar ruído na ne­go­cia­ção.(Folha de Pernambuco)

Foto:Josélia Maria

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