domingo, 14 de junho de 2009

Os fiéis seguidores do governador

Durante quatro décadas era muito comum se ouvir falar em Pernambuco dos “arraesistas”, termo que caracterizava os políticos e/ou técnicos vinculados ao ex-governador Miguel Arraes, falecido em 2005. Um desses personagens era o seu neto e herdeiro político, o governador Eduardo Campos (PSB), que, a exemplo do avô, reuniu em torno de si um grupo fiel, formado por amigos da faculdade e do movimento estudantil. Hoje, os integrantes desse grupo ocupam cargos chave no Palácio das Princesas e ajudam a dar rumo ao governo. São os “eduardistas”, uma espécie de subconjunto dos arraesistas, fiéis seguidores de Eduardo. A Folha conta nessa reportagem um pouco da história dos eduardistas; quem são, como se uniram ao socialista e algumas histórias engraçadas vividas ao lado do “chefe”.
Os quatro anos que Eduardo Campos passou na faculdade de Economia (1981/1985) foram cruciais para sua carreira. Nas salas de aula da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) o socialista fez amizade com algumas das peças chaves do seu governo: os secretários Sileno Guedes (PSB/ Relações Institucionais), Pedro Mendes (PSB/Juventude e Emprego) e Aluísio Lessa (PSB/Articulação Política), por exemplo. Então namorada do governador, a primeira-dama Renata Campos também estudou naquela faculdade de Economia. Data da mesma época a aproximação de Eduardo com o secretário Danilo Cabral (PSB/ Educação) e com o vice-prefeito do Recife e presidente estadual do PSB, Milton Coelho. Os dois eram alunos da Faculdade de Direito do Recife.
O berço do “eduardismo”, enquanto grupo articulado, data desse período, quando eles faziam parte do movimento estudantil na UFPE, ligados ao antigo MDB, hoje PMDB. “Fiz parte da chapa encabeçada por Eduardo que venceu a eleição para o diretório acadêmico do curso, em 1985”, recorda Sileno Guedes. A primeira campanha que o grupo participou foi a de 1982. Eles apoiaram Marcos Freire (MDB) para o Governo do Estado, que acabou derrotado pelo hoje deputado federal Roberto Magalhães (DEM), na época PDS.
Uma das campanhas mais marcantes foi a da Prefeitura do Recife (PCR), em 85. Por uma ironia do destino, os eduardistas pediram votos para o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) - hoje seu arquiinimigo -, que concorrendo pelo PSB com o apoio de Miguel Arraes venceu Sérgio Murilo (PMDB). O grupo ocupou cargos na gestão jarbista. O próprio Eduardo foi oficial de gabinete da secretaria de Governo, passou quase um ano na PCR. “Em 86 veio a campanha de Dr. Arraes ao Governo e a gente largava mais cedo para fazer campanha. Eduardo saiu antes de mim para acompanhar o avô”, lembra Aluísio Lessa, que tinha a mesma função na Prefeitura.
De 1985 a 2006, quando voltaram ao Palácio, os eduardistas trabalharam em outras cinco eleições. Venceram quatro. Em 1990, para deputado estadual; em 1994, 1998 e 2002 para deputado federal. Com Eduardo na cabeça da chapa, a única derrota foi em 1992 para a Prefeitura, quando amargaram a quinta colocação. No período que o governador esteve no Legislativo juntaram-se aos eduardistas personagens como o secretário Djalmo Leão (Fazenda), o coronel Mário Cavalcanti (Chefe da Casa Militar) e o chefe de gabinete do governador, Renato Tibeauth. O grupo também contribuiu para as campanhas de Arraes, em 94 e 98 para o Palácio, em 90 e 2002 para a Câmara Federal.
Folha de Pernambuco

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