sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O conservadorismo de Barack Obama


Um dos principais temas de campanha de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos da América era "Change: we can believe in" (Mudança: nós podemos acreditar nela). Entretanto, analisando as medidas econômicas tomadas pela equipe do democrata e do presidente anterior, o republicano George W. Bush, até agora o que existe é continuidade e conservadorismo. Além disso, Obama precisa apresentar projetos para regulamentar o setor financeiro, um dos pivôs da crise financeira mundial.

Analistas consultados pelo Congresso em Foco apontam que o presidente norte-americano optou por uma linha com menos resistência política, possível de ser aplicada com rapidez e com pouco desgaste político. Por conta disso, a regulamentação do setor financeiro fica por enquanto somente na promessa.

"O governo coloca dinheiro no sistema financeiro, mas não se responsabiliza pelo controle. É uma posição retrógrada do presidente", opinou o especialista em economia internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reinaldo Gonçalves.

Os entrevistados veem com ceticismo a medida tomada na última terça-feira por Obama. Após a descoberta de que várias empresas de Wall Street distribuíram generosos bônus aos seus executivos, mesmo com a crise instalada, a Casa Branca determinou que quem tiver ajuda do governo deverá obedecer a um teto de remuneração.

"Essa é uma medida midiática, que tem quase nenhum impacto para solucionar os problemas. Obama deixa para um segundo momento a necessária regulação do setor", afirmou o consultor da Trevisan Consultoria e Escola de Negócios Sidney Ferreira Leite.

Leite aponta que Obama apresentará um projeto de regulamentação para o setor quando tiver uma situação política mais forte. O consultor lembra que o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), ao tomar posse, também enfrentou um cenário de recessão econômica. A situação não era tão ruim quanto à atual, mas o democrata recebeu o rescaldo da administração Ronald Reagan (1981-1989), autor da frase "o Estado não é a solução, é problema". "Aqueles foram anos de farra da especulação financeira, da geração yuppie", lembrou Leite.

"A necessidade de regulamentar o setor é muito grande", concorda Gonçalves. Ele classifica o teto na remuneração como "alegoria carnavalesca", que não tem outra função a não ser aparecer bem na mídia. "O executivo pode ganhar US$ 1 milhão ou US$ 50 milhões por ano, isso não importa. Se não houver uma crescente regulamentação do sistema, as práticas oportunistas que ajudaram a criar essa crise vão continuar", continuou.

Congresso Em Foco

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