domingo, 8 de fevereiro de 2009

Gaza: nem as escolas sobreviveram


A joia do combalido sistema educacional da Faixa de Gaza - uma escola em estilo americano com voluptuosos andares com vistas para o Mediterrâneo - agora é uma pilha de concreto arrebentado. O único laboratório do território palestino que fazia testes genéticos, na Universidade de Gaza, está em ruínas. Com 37 escolas elementares e secundárias destruídas ou danificadas pelos ataques aéreos, e outras 18 servindo como abrigos para refugiados, o ensino em Gaza virou algo ainda mais difícil que uma luta. Israel diz que os ataques contra escolas atingiram militantes e um laboratório de armas durante a guerra de três semanas desfechada contra o Hamas. Já os professores e educadores de Gaza afirmam que Israel não apresentou provas que confirmassem as alegações. Segundo eles, os ataques conta as principais instituições educacionais da Faixa de Gaza atrasaram os esforços para desenvolver o empobrecido território.
Mesmo antes da ofensiva, a superlotação forçou muitas das 380 escolas primárias e secundárias a terem turnos de aulas de manhã e à tarde com não mais de quatro horas cada, para conseguir atender a 450 mil estudantes. A Escola Internacional Americana de Gaza, vizinha à cidade de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, era uma exceção ao sistema. Localizada em uma área de 3,23 hectares, era um oásis na poeirenta e superpovoada Gaza, com suas palmeiras e roseiras. Fundada por acadêmicos de Gaza em 1999, a escola ensina em inglês, segue um currículo estadunidense e oferecia campos de hockey e futebol americano, atendendo desde criança no jardim de infância ao 3° ano colegial.
“Esta era uma grande escola”, disse Shareefa el-Helou, de 17 anos, que agora toma lições de biologia na casa do seu tio, porque o apartamento da família dela foi danificado pelos bombardeios. Desde 2004, supostos extremistas islâmicos alvejavam repetidamente a escola, presumivelmente por causa da arquitetura ocidental do prédio e sistema liberal. Cinco dos seis ônibus da escola foram queimados e morteiros destruíram os escritórios da administração, uma sala de artes e a lanchonete. Mesmo assim, a escola seguiu em frente. Em 2008, tinha 220 estudantes, que estavam descansando o feriado de Natal quando os ataques israelenses começaram em 27 de dezembro. Uma semana após o início da ofensiva, mísseis de um caça israelense destruíram a escola de dois andares. Os militares israelenses dizem que os militantes de Gaza usaram as instalações da escola para lançar foguetes, o que transformou o local em alvo legítimo. Eles afirmam que aviões espiões mostraram a presença de militantes na área.


Folha de Pernambuco

Nenhum comentário: