quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

“Vamos comparar obra por obra”

DILMA não fez comparações numéricas com governo FHC
GOVERNADOR VALADARES (Folhapress) - Em resposta à ofensiva protagonizada desde o último sábado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do Planalto à sucessão presidencial, afirmou ontem que o governo Lula está pronto para comparar números de sua gestão aos de FHC. “Se quiserem comparar, nós vamos comparar. Número por número, casa por casa, obra por obra, escola por escola, emprego por emprego”, disse Dilma.

Ela estava ao lado de Lula e outros cinco ministros, em discurso para cerca de 400 pessoas em Governador Valadares (MG), em cerimônia de lançamento de ações vinculadas a programas federais, como PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. A declaração veio em resposta às recentes declarações de FHC, que chamou Dilma de “boneco” do presidente Lula e “reflexo de um líder” e que, em artigo, desafiou o governo a fazer comparações com a sua gestão “sem mentir”.

A atitude do ex-presidente causou desconforto entre os tucanos. O pré-candidato do partido à sucessão de Lula, o governador José Serra (SP), vem buscando fugir de confrontos abertos com o governo federal - estratégia estimulada pelo Planalto para forçar uma eleição plebiscitária entre PT e PSDB -, em especial no tocante a comparações entre governos. No seu discurso - em que, por duas vezes chamou Governador Valadares de Juiz de Fora -, Dilma não chegou a fazer comparações numéricas com o governo tucano. Essa função coube ao presidente Lula, em entrevista a duas rádios locais, antes da cerimônia oficial. Segundo ele, a Caixa Econômica Federal disponibilizou, em 2002, R$ 5 bilhões para financiamento de habitação, enquanto em 2009 o valor, afirma Lula, chegou a R$ 45 bilhões.

Na citação mais direta a FHC, disse que “tem presidentes, que cumpriram mandato de quatro, de cinco, de quantos anos, e não fizeram uma única universidade no Brasil”. Lula classificou ainda de “bobagem imensa” o debate acerca de um viés estatizante do governo, iniciado a partir da revelação do esboço do texto que será apresentado no Congresso do PT, no dia 18, e que pode vir a ser a base da plataforma de campanha de Dilma. “Nós aceitamos sugestão, mas não aceitamos intromissão demasiada (do mercado). Eu não quero Estado administrador, mas eu quero um Estado indutor”, disse.

Nenhum comentário: