O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, esteve, ontem, no Recife para, além de participar da posse do diretório estadual da legenda, conversar com o ex-prefeito João Paulo e o secretário das Cidades, Humberto Costa, sobre a disputa interna entre os dois petistas para o Senado. Ambos colocaram os nomes à disposição da sigla para o pleito e, se não houver consenso, a escolha poderá ser feita por meio de prévias. Dutra também teve agenda com o prefeito João da Costa (PT) e com o governador Eduardo Campos (PSB). Em entrevista coletiva, falou sobre o cenário nacional e a disputa do PT no Estado, das alianças regionais e das divergências do PT e aliados em alguns estados da Federação.
Conversa com João Paulo
Durante toda a campanha eleitoral dentro do PT, eu dizia que, a partir do momento que eu me elegesse presidente do PT, não seria o presidente da corrente A, B e C, seria o presidente do Partido dos Trabalhadores. E como estamos num processo de costuras de alianças externas e também internas, e como tenho conhecimento de que existe a possibilidade de disputa aqui em Pernambuco, em torno da candidatura do Senado, estou conversando com todos os companheiros envolvidos na disputa.
Prévias
Minha vontade política, minha intenção é chegar a um acordo nos três estados: Mato Grosso, Rio de Janeiro e Pernambuco. Nesse sentido, o que estou fazendo em Pernambuco, já fiz no Rio de Janeiro, no Mato Grosso e vou continuar fazendo. Nós avaliamos que, neste momento que já lançamos a candidatura da Dilma Rousseff, o ideal é que não hajam disputas internas no PT, não só para as alianças como para os cargos. Muitas vezes na política o ideal não coincide com o real. Nós vamos conversar, exaustivamente, com os companheiros e tentar chegar a uma solução negociada. Agora, no limite, vale o estatuto do partido. Caso haja mais de um candidato para uma vaga para eleição majoritária, faz-se prévias. Chegou-se às prévias, a direção nacional não dá palpites.
Critérios de escolha
A base da política são as conversas. O processo de entendimento pode levar em consideração uma série de pressupostos. Um deles pode ser, se houver o entendimento entre os candidatos, que o critério vai ser mais uma pesquisa quantitativa. Então, faz-se a pesquisa. Se o critério vai ser o encontro estadual que vai deliberar... esses critérios têm que ser objetos de consenso entre as duas partes. Essa é a tarefa do diretório nacional: esgotar ao máximo as possibilidades de acordo, se não o acordo em torno de nomes, pelo menos em torno de métodos, de procedimentos.
Prazo
Teremos reunião do diretório nacional na sexta (dia 5 de março) e vamos procurar estabelecer um calendário nacional sobre as diversas questões. Tínhamos um inicial que foi suplantado pela prática. Agora, vamos tentar estabelecer um, ou cada estado estabelece de acordo com sua realidade. É lógico que vamos ter que ter uma data-limite para resolver os possíveis problemas dos estados com relação às alianças, e isso tem que se dar antes de 30 de junho, que é o limite para as convenções.
Opiniões
A opinião de Lula, do diretório nacional, da Dilma, do governador Eduardo Campos, todos serão ouvidos. A opinião de todo mundo será levada em consideração. Esse é um proceso legítimo que cada corrente, cada militante, pleiteie uma vaga para o Senado. Mas todos estão pensando no melhor para o PT. Se, ao final de todas as conversas, se chegue a um entendimento, está resolvido, se não, aí é a regra do PT.
Situação em Minas
Não tem nada fechado. Vamos ter uma reunião com o PMDB semana que vem. Não é específica sobre Minas, mas como Minas, hoje, é o tema mais abordado... Temos realizado reuniões periódicas entre os dois partidos para tentar contornar os problemas existentes em cada estado. O caso de Minas é o que mais me preocupa. Não só pelo tamanho e imporância do estado, ou porque tem uma situação diferente. A questão não é só chegar ao acordo entre PT e PMDB, é chegar a um acordo dentro do PT.
Disputa nacional
Hoje, nada nos aflige. Quem está aflita é a oposição. Eles estão aperreados para usar um termo do Nordeste. Temos consciência de vai ser uma eleição disputada, não tem ninguém aqui com sapato alto. Respeitamos a oposição, o adversário. Uns diziam que o PT teria um plano B, que Dilma não disputaria eleição, etc. Dizíamos o contrário, e, hoje, as pesquisas mostram que já é uma candidtura consolidada e competitiva. Então, nada nos aflige nesse momento. A preocupação é construir uma boa campanha, uma aliança nos estados, uma aliança nacional.
Alianças
Nosso objetivo, hoje, é consolidar a aliança com o PMDB. Garantir a aliança da Dilma com o maior número de partidos aliados.
Vice de Dilma
Em se confirmando a coligação com o PMDB, é natural que ele indique o vice. Essa indicação não vai ser objeto de deliberação do PT. Não cabe ao PT dizer ao PMDB quem é o vice. O PMDB vai apresentar o nome. Agora, é claro, isso em qualquer eleição, o vice tem que ser indicado em comum acordo com o candidato. O PMDB vai apresentar o nome do vice a Dilma que vai fazer as ponderações.
Michel Temer
Eu vejo como nome natural (a vice de Dilma). É o presidente do partido. Não há nenhuma antipatia de Dilma ao Michel Temer ou a qualquer outro nome do PMDB. Até onde eu sei, ela tem empatia (por Temer). A definição do vice leva em consideração a empatia, o grau de aglutinação do PMDB que venha a ter o vice. Isso é importante também. O nome de Michel Temer, à primeira vista, é o que mais aglutina no PMDB.
Ciro Gomes
O PSB está sendo muito transparente conosco nesse processo. Eles querem ter essa visão estratégica de que para o governo é melhor ter Ciro, mas não querem sair em nenhuma aventura. A candidatura de Ciro, se vier a acontecer, não será de oposição, será da base do Governo e, com certeza, se formos para o segundo turno, estaremos juntos.(Folha de Pernambuco)