domingo, 5 de abril de 2009

De­fi­cien­tes são rejeitados em escolas

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que todas as crian­ças bra­si­lei­ras têm o di­rei­to de apren­der a ler e a es­cre­ver, mas em Ca­rua­­ru, no Agreste do Estado, essa obri­ga­ção não é le­va­da a sério quan­do se trata de jo­vens por­ta­do­res de ne­ces­si­da­des es­pe­ciais. Escolas par­ti­cu­la­res e mu­ni­ci­pais estão di­fi­cul­tan­do o in­gres­so des­ses ga­ro­tos à rede de en­si­no, quan­do não os dei­xam ser ma­tri­cu­la­dos. Para aca­bar com o pro­ble­ma, que vem afli­gin­do as mães, a pro­mo­­to­ra de Justiça da Vara da Infân­cia, Juventude e Educa­ção, Silvia de Melo Oliveira, ex­pe­diu uma de­ter­mi­na­ção para as ins­ti­tui­ções par­ti­cu­la­res. No do­cu­men­to, pu­bli­ca­do no Diário Oficial, em 27 de março, ela so­li­ci­ta que não haja ne­nhu­ma forma de dis­cri­mi­na­ção.
Em re­la­ção às es­co­las mu­ni­ci­pais, Silvia Oliveira já ins­tau­rou um in­qué­ri­to civil para apu­rar as de­nún­cias fei­tas por al­gu­mas mães. “Fiquei sa­ben­do que não exis­tem pro­fis­sio­nais ca­pa­ci­ta­dos para en­si­nar as crian­ças por­ta­do­ras de ne­ces­si­da­des es­pe­ciais. Segundo as mães, em al­guns co­lé­gios os di­re­to­res dizem que a ma­trí­cu­la pode ser feita, mas a crian­ça não será en­si­na­da por causa da falta de pro­fes­so­res trei­na­dos”, ex­pli­cou.
Os abu­sos pro­vo­ca­dos pelas es­co­las par­ti­cu­la­res vão mais além, se­gun­do a pro­mo­to­ra. Em al­gu­mas ins­ti­tui­ções pri­va­das, as mães só podem ma­tri­cu­lar os fi­lhos es­pe­ciais se pa­ga­rem o do­bro da men­sa­li­da­de. “Isso não pode acon­te­cer. É obri­ga­ção dos co­lé­gios re­ce­be­rem qual­quer es­tu­dan­te, sem dis­­cri­mi­na­ção”, disse Silvia Oliveira.
Os pro­ble­mas ci­ta­dos pela pro­mo­to­ra foram vi­vi­dos pela mãe de um me­ni­no de cinco anos, que tem es­cle­ro­se, doen­ça de­ge­ne­ra­ti­va que pro­vo­ca de­fi­ciên­cia men­tal. Ela não se iden­ti­fi­cou para não expor o filho, que de­pois de mui­tos meses lu­tan­do con­se­guiu ser ma­tri­cu­la­do em uma es­co­la par­ti­cu­lar. “Fui a mui­tos co­lé­gios par­ti­cu­la­res, mas ne­nhum quis re­ce­ber meu filho. Teve um em que eu che­guei a pagar todas as taxas, mas fal­tan­do pou­cos dias para o iní­cio das aulas fui avi­sa­da de que meu filho não po­de­ria es­tu­dar lá”, con­tou. TAC Para ela­bo­rar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a juíza Silvia Oliveira disse que irá rea­li­zar uma reu­nião, no pró­xi­mo dia 14, com re­pre­sen­tan­tes de es­co­las pri­va­das e pú­bli­cas. “O ob­je­ti­vo desse en­con­tro é es­ta­be­le­cer metas a serem cum­pri­das e de­ter­mi­nar as mul­tas, caso TAC não seja res­pei­ta­do”, aler­tou.
Folha de Pernambuco

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