quarta-feira, 22 de abril de 2009

Crise financeira amarga vinhos de Petrolina


Vale do São Francisco já contabiliza vendas 30% menores


Quem visita as belas vinícolas instaladas em Petrolina nem imagina que as produtoras de vinho também estão sendo vítimas da crise financeira. Mesmo sendo beneficiadas com o desenvolvimento do enoturismo - turismo baseado na degustação de vinhos e visita a parreirais - desde o fim do ano passado as vinícolas vêm registrando uma queda no faturamento.
Na vinícola Rio Sol, por exemplo, a crise financeira fez com que as vendas tivessem uma queda de 30%. “As prioridades das famílias são o arroz e o feijão. O vinho não é essencial. Como as pessoas perderam dinheiro, as vendas caíram”, afirmou o diretor Técnico da Rio Sol, João Santos. Segundo ele, apesar da queda no faturamento, a empresa não precisou demitir funcionários. “Nenhum colaborador foi desligado, mas alguns tiveram as suas funções reduzidas”, contou. A Rio Sol conta, hoje, com cerca de 120 colaboradores e produz 1,5 milhão de litros por ano.
Na Fazenda Garibaldina, que produz os vinhos Garzieira e Carrancas do São Francisco, houve uma queda de 10% nas exportações. “Esta queda gerou um impacto no faturamento, porém, a nossa maior queda foi no turismo. Comparando com os três últimos anos, entre os meses de fevereiro e março nós registramos uma queda de 50% nas visitas realizadas à vinícola, o que também tem impacto nos negócios”, afirma o guia turístico da vinícola Edivaldo Barbosa.
Segundo ele, quando começaram a sentir os efeitos da crise, as pessoas deixaram de viajar e de comprar vinhos. “Apenas durante este mês (de abril), as pessoas voltaram a comprar os produtos e a visitar as plantações”, destacou. Por mês, a Garzieira recebe uma média de 20 mil turistas. Hoje, a vinícola está gerando cerca de 500 empregos.
Para estimular a produção, a Garzieira optou pelo sistema de arrendamento. Foi com este serviço que, há um ano, Gilmar Alvez conseguiu aumentar o seu faturamento. “Pelo sistema, eu arrendei 200 hectares e trabalho com a minha família. Quando a safra é muito grande nós fazemos um contrato temporário com funcionários da fazenda”, afirmou Alvez. Segundo ele, em uma safra dá para vender uma média de 10 mil quilos de uva. “Cada quilo de uva é comercializado por R$ 2. Então, mesmo em tempo de crise, nós conseguimos ter uma boa renda”, disse. Do total faturado Alvez paga 30% à Garzieira.




Folha de Pernambuco

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