Repensar-se a si mesma é uma necessidade de toda sociedade em tempo de mudança. A revisitação da própria História em busca de lições que inspirem a caminhada no presente. Este é um dos sentidos das atividades alusivas aos 45 anos do golpe militar que instaurou a ditadura em 1964.
Para os que viveram as diversas faces e momentos da ditadura, reflexão e emoção fundem-se e o espírito é tomado por imagens, rostos, fatos, palavras, sentimentos. Impossível pensar os anos de chumbo abstraindo a vivência pessoal e a percepção dos muitos olhares sobre passado recente do país.
O olhar do adolescente voluntário do Movimento de Cultura Popular, criado no Recife pelo prefeito Miguel Arraes, no início dos anos sessenta – e o impacto da interdição do MCP, em abril de 1964, e da repressão sobre os educadores Paulo Freire e Anita Paes Barreto, adeptos de uma pedagogia libertária.
O olhar atônito e assustado diante da deposição e prisão do governador Arraes e das torturas sobre o dirigente comunista Gregório Bezerra pelas ruas de casa Forte.
O olhar do líder estudantil cassado pelo Decreto-Lei 477, em 1969, proibido de freqüentar bancos escolares por três anos; e logo em seguida convertido em vendedor ambulante de confecções, com nome e documentos falsos, para escapar à perseguição policial e prosseguir a militância partidária – e, na convivência com o povo simples do interior, a compreensão exata dos males que o modelo de desenvolvimento imposto pelas armas, dependente, concentrador da produção, da renda e da riqueza e socialmente excludente trouxe aos que sobreviviam do próprio trabalho.
O olhar do preso político esmagado pela tortura e pela dor da perda de camaradas de luta, mortos brutalmente nas masmorras do regime.
O olhar do recém-libertado que, retornando à Faculdade de Medicina, se deparou com a absurda ausência de debate em sala de aula, convivendo com uma nova geração de estudantes que não conhecia a liberdade de expressão nem a busca de saídas para os impasses da sociedade brasileira.
O olhar do militante de volta às ruas na luta pelo fim da ditadura – a campanha das diretas-já, a vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral via pressão popular e a reconquista da esperança.
A convicção de que vivemos hoje, desde a assunção de Lula à presidência da República, a retomada do fio da História. A linguagem não é a mesma, mas bandeiras das reformas de base se traduzem agora na busca de um projeto nacional de desenvolvimento apoiado nas mesmas concepções de antes do golpe, agora renovadas teórica e politicamente, em sintonia com o novo tempo.
E diante da pergunta que em toda parte me fazem: “Valeu a pena?”, a resposta pronta, convicta e emocionada: Sim, valeu a pena. Está valendo a pena. O povo está vencendo.
Para os que viveram as diversas faces e momentos da ditadura, reflexão e emoção fundem-se e o espírito é tomado por imagens, rostos, fatos, palavras, sentimentos. Impossível pensar os anos de chumbo abstraindo a vivência pessoal e a percepção dos muitos olhares sobre passado recente do país.
O olhar do adolescente voluntário do Movimento de Cultura Popular, criado no Recife pelo prefeito Miguel Arraes, no início dos anos sessenta – e o impacto da interdição do MCP, em abril de 1964, e da repressão sobre os educadores Paulo Freire e Anita Paes Barreto, adeptos de uma pedagogia libertária.
O olhar atônito e assustado diante da deposição e prisão do governador Arraes e das torturas sobre o dirigente comunista Gregório Bezerra pelas ruas de casa Forte.
O olhar do líder estudantil cassado pelo Decreto-Lei 477, em 1969, proibido de freqüentar bancos escolares por três anos; e logo em seguida convertido em vendedor ambulante de confecções, com nome e documentos falsos, para escapar à perseguição policial e prosseguir a militância partidária – e, na convivência com o povo simples do interior, a compreensão exata dos males que o modelo de desenvolvimento imposto pelas armas, dependente, concentrador da produção, da renda e da riqueza e socialmente excludente trouxe aos que sobreviviam do próprio trabalho.
O olhar do preso político esmagado pela tortura e pela dor da perda de camaradas de luta, mortos brutalmente nas masmorras do regime.
O olhar do recém-libertado que, retornando à Faculdade de Medicina, se deparou com a absurda ausência de debate em sala de aula, convivendo com uma nova geração de estudantes que não conhecia a liberdade de expressão nem a busca de saídas para os impasses da sociedade brasileira.
O olhar do militante de volta às ruas na luta pelo fim da ditadura – a campanha das diretas-já, a vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral via pressão popular e a reconquista da esperança.
A convicção de que vivemos hoje, desde a assunção de Lula à presidência da República, a retomada do fio da História. A linguagem não é a mesma, mas bandeiras das reformas de base se traduzem agora na busca de um projeto nacional de desenvolvimento apoiado nas mesmas concepções de antes do golpe, agora renovadas teórica e politicamente, em sintonia com o novo tempo.
E diante da pergunta que em toda parte me fazem: “Valeu a pena?”, a resposta pronta, convicta e emocionada: Sim, valeu a pena. Está valendo a pena. O povo está vencendo.
Luciano Siqueira, vereador do P C do B, Recife
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