sábado, 1 de novembro de 2008

Partidos no fio da navalha



Luciano Siqueira, vice prefeito do Recife

No nível atual da luta política no Brasil as eleições são a empreitada mais avançada, a que mais exige dos partidos políticos, colocando em causa suas concepções programáticas e seus princípios organizativos.
Nem tanto, dirá o leitor. A maioria dos partidos pouco está se lixando para programa, ideologia e organização. Na prática são legendas através das quais grupos de interesses exercitam a luta por espaços institucionais.
Não deixa de ser verdade. Mas é verdade também que nem todos são assim. Caso do PCdoB, por exemplo, que há oitenta e seis anos toma parte na vida política do país e se mantém fiel à sua base ideológica e teórica, enfrenta problemas táticos imediatos à luz da proposta programática e se renova preservando suas características de partido uno, de estruturado nacionalmente, sob direção única centralizada e de funcionamento disciplinado


Ou seja, o Partido tem lado e compromisso com o povo da cidade. Ao mePara um partido dessa natureza o embate eleitoral extrapola em muito a conquista do voto. O Partido se esforça em afirmar-se com suas características próprias, que não pode perder sob hipótese alguma, sob pena de se deformar política e ideologicamente.
E não é um esforço pequeno. O Brasil é imenso, acentuadas são as diversidades regionais e tremenda a pressão localista típica da nossa história institucional, reflexo de particularidades de cada lugar e de uma tradição de agremiações partidárias tipo mosaico (aglomerado de grupos regionais).
No pleito municipal que se completará domingo próximo, o PCdoB foi chamado a tomar decisões delicadíssimas em relação a quem apoiar no segundo turno em cidades em que candidatos próprios não obtiveram êxito. “Nós tomamos a posição, no segundo turno, levando em conta a exclusão: se esse nós não podemos apoiar, apoiamos o outro”, explicou o presidente nacional Renato Rabelo em entrevista ao portal Vermelho. “São feitos termos de compromisso em que apresentamos questões programáticas que são encampadas pelos candidatos”, completousmo tempo, presta atenção às relações entre a disputa local e a cena política nacional, considerando a parte à luz do processo político de conjunto. Daí porque alianças locais em capitais e cidades de maior porte e de importância política relevante precisam ser referendadas pela direção nacional. Não pode haver plena liberdade de decisão por parte das direções municipais, invertendo a relação entre o centro dirigente e as organizações periféricas que o apóiam aplicando localmente a orientação geral.
Terminada a guerra, o balanço é muito positivo – pelas vitórias conquistadas e pela fidelidade aos preceitos estatutários e programáticos.
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