domingo, 30 de novembro de 2008

Leo Kret quer surpreender na Câmara



Ela chega para integrar a bancada feminina da Câmara Municipal e disse que está disposta a quebrar tabus e derrubar preconceitos. “Quero surpreender todos aqueles que me criticaram e ser uma das vereadoras mais atuantes desta casa”, disse

Em quarto lugar entre os candidatos mais votados de Salvador, Leo Kret atribui o sucesso de sua primeira campanha eleitoral à simpatia e identidade com o povo e não com o movimento GLTB (Gays, Lésbicas, Transexuais, Bisexuais). “Tenho origem na favela, e o povão se identifica comigo”, disse.
É esta identidade com o povo que Leo Kret pretende preservar. Aliás, ela diz que a candidatura foi um pedido do povo. “Atendi a um pedido do povo, as pessoas me pediam para representá-las aqui na Câmara. E, quando o povo pede, não há como não atender”, disse

Leo Kret nasceu e cresceu em Pernambués, bairro onde mora até hoje. Ainda criança, sentia vontade de brincar e de se comportar como as meninas. Na adolescência, passou a incorporar peças de roupa das irmãs ao seu guarda-roupas e, quando percebeu, já saía às ruas vestida de mulher. “Assumi a minha sexualidade aos 15 anos, e, desde então, as pessoas me conhecem como mulher”, disse.
O preconceito por ser diferente, Leo Kret conta que sempre enfrentou. Mas o carinho e o apoio que recebeu durante a campanha, ela diz que será inesquecível. “As pessoas vibravam quando eu falava nos comícios, e os outros políticos, como o deputado ACM Neto, me deram muito apoio durante toda a campanha”, conta.
Agora, ela diz que lutará e cobrará para que o prefeito João Henrique coloque em prática a promessa de incorporar as propostas do Democrata em seu programa de governo. “No segundo turno, não apoiei o prefeito, mas vou cobrar pela realização do compromisso dele”, comentou.
Leo Kret conta, também, que procura se informar sobre todos os assuntos da cidade. Que quer chegar à Câmara inteirada das discussões. Por isso, procura saber mais sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o PDDU. “Muita gente só ficou sabendo o que era o PDDU na campanha eleitoral, e, agora, mostram indignação porque não sabiam o que era este projeto. Os chamados ‘benefícios’ estão causando impacto na vida das pessoas e precisam voltar a ser discutidos”, defende.
Segundo Leo Kret, faltou transparência nas discussões do Plano Diretor. “Não são só os políticos que têm de saber como são as propostas, a população também tem que saber”, disse. A vereadora lembra que as obras mal começaram que os impactos ambientais já estão atingindo até os condomínios de luxo, com a invasão de cobras e escorpiões.

Outra proposta da vereadora eleita é a criação de pontos de cultura em comunidades carentes. “Tenho um projeto chamado Meu Bairro Feliz, que prevê o incentivo às manifestações culturais em comunidades carentes”, conta. De acordo com ela, a proposta é abrir espaços de cultura para que crianças e jovens possam se manifestar e demonstrar o seu talento através da arte. “Com isso, vamos conseguir tirar muitos jovens das ruas e, conseqüentemente, dar oportunidades e diminuir a violência”.
Sobre a relação com o Grupo Gay da Bahia (GGB), Leo Kret conta que não fez qualquer aliança ou contato com o grupo. “Eles já tinham um candidato e fiz a minha campanha independente do apoio deles. Não fui pedir voto da comunidade GLBT, onde eles militam”, afirma. A vereadora diz que a única associação que a ajudou foi a pró-homo, que dá apoio até hoje. Mesmo assim, não descarta uma futura parceria com o GGB.
“O GGB me criticou muito, mas mesmo assim, se vierem me pedir apoio para apresentar ou defender seus projetos aqui na Câmara, estarei de braços abertos para recebê-los”, afirma Leo Kret. Ela diz também é uma militante da causa GLBT e também luta pelos direitos de todos os homossexuais.
Segundo Leo Kret, a maior luta dos homossexuais ainda é contra o preconceito. “A maioria começa a sofrer dentro de casa. E quem sofre com o preconceito da família começa a achar natural que outras pessoas também o tratem mal”, argumentou. Por isso, ela defende a conscientização de familiares de homossexuais como o início de uma sociedade sem homofobia. “Quando a família abraça o homossexual, conseguimos força para lutar fora de casa também”.


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