sábado, 24 de abril de 2010

Lula ficou surpreso com afagos a tucano


Brasília (AE) - A ministros mais próximos, o presidente Lula confidenciou que já esperava que Ciro Gomes (PSB) disparasse a “metralhadora” contra o governo e sua candidata Dilma Rousseff (PT). No entanto, disse que ficou surpreendido com os elogios de Ciro ao principal adversário nestas eleições, o pré-candidato do PSDB, José Serra. “O presidente sempre soube que Ciro, uma boa pessoa, é destemperado quando abre a boca, mas achava que tinha mais juízo”, relatou um auxiliar direto de Lula.

Depois de ler a entrevista de Ciro ao IG, em que o aliado afirma que Serra tem mais preparo para enfrentar uma crise econômica, Lula orientou a equipe a não responder. Ele recomendou também a Dilma que não entrasse num “bate-boca”. A relação com Ciro, primeiro ministro da Integração Nacional do atual governo, sempre foi valorizada pelo presidente, que ainda reconhece o papel do aliado na crise política de 2005. Lula, porém, não escondeu a “fúria”, segundo um auxiliar, com os elogios. “É óbvio que ouvir ataques de Ciro a Dilma e ao próprio governo é ruim, mas ouvir elogios a Serra não era algo esperado”, completou esse auxiliar.
À tarde, ao chegar ao Supremo Tribunal Federal para a posse do novo presidente da casa, o ministro Cezar Peluso, Lula evitou comentar o caso. “Estou mudo”, disse a repórteres. Ainda pela manhã, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que caberá à população dizer quem é mais preparado para suceder o atual presidente. Era o que Lula mandou seus assessores afirmarem diante dos holofotes.
Agora, o presidente vai aguardar que o PSB anuncie oficialmente, na próxima terça-feira, a esperada decisão de apoiar a candidatura de Dilma e avaliar o melhor momento para convidar Ciro para uma conversa. Antes disso, está descartado qualquer encontro. Na avaliação de governistas, o roteiro ideal seria Lula ter falado antes com o deputado, na busca de evitar que ele fizesse suas tradicionais críticas em tom agressivo contra o governo e a candidatura de Dilma. Só que ele evitou atender ligações de assessores de Lula que desejavam agendar o encontro.
Para o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), Ciro foi “muito injusto com o PT e com Lula” ao dizer que o presidente “navega na maionese”.

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