domingo, 27 de setembro de 2009

Além dos tabus Em “Viver a Vida”, Taís Araújo estreia como a primeira protagonista negra de Manoel Carlos


Taís Araújo mal tem conseguido ficar de boca fechada. Em todos os sentidos. Quando não está abrindo um sorriso generoso, fala como uma matraca esmiuçando os detalhes mais triviais da Helena, personagem que promete ser uma das mais notáveis de sua carreira. Ou fica literalmente de queixo caído ao observar a infinidade de cenas que tem de gravar com um orgulho indisfarçável. Mas, para conseguir entrar para o rol das Helenas de Manoel Carlos como protagonista de “Viver a Vida”, da Globo, a atriz carioca, que está prestes a completar 31 anos, teve de descer do salto.
Quando soube dos testes para o papel, ligou para o autor e para o diretor da trama, Jayme Monjardim. Afinal, um dia leu em algum jornal que Maneco gostaria de trabalhar com ela. O evidente interesse da atriz parece ter aguçado ainda mais o autor para fazer de Taís a primeira Helena negra de suas histórias. Para Taís, no entanto, esse sabor é ainda mais degustável.
Ela estreou na TV como protagonista quando interpretou a valente Xica da Silva na trama homônima da Manchete, em 1996. Quase uma década depois, protagonizou “Da Cor do Pecado”, de João Emanuel Carneiro. “Fiz tudo para conseguir ser essa Helena. Voltei correndo de Paris, onde estava morando, mudei minha vida, estudei muito, emagreci horrores, hoje chego a fazer ginástica às 6 horas da manhã. Mas vale a pena”, constata, com os olhos quase fechados pelo sorriso.
Apesar de apresentar um programa sobre beleza no GNT, o “Superbonita”, Taís Araújo sempre foi avessa a praticar exercícios físicos em prol da boa forma. Mesmo divulgando e entrevistando diversas pessoas ligadas a tratamentos estéticos e novas tecnologias, a atriz e apresentadora nunca deu bola para cuidados mais elaborados com a forma. Até passar no teste para interpretar a top model Helena, em “Viver a Vida”.
Assim que soube da aprovação, correu para se matricular numa academia e passou a fazer diversos tratamentos ditos como “milagrosos”. “Fiz uma operação de guerra. Procurei utilizar todos os aparelhos de drenagem, de sucção de gordura, aparelho da NASA para perder peso, tudo!”, assume. Taís não sabe precisar quantos quilos perdeu, ela não se pesa. “Ia colocando as calças e elas ficavam mais largas e eu mais feliz”.
Mas o pior mesmo, segundo Taís, foi ter de fechar radicalmente a boca. Tanto que há meses a atriz não come mais carboidratos à noite e passou a contar com a ajuda de um endocrinologista, que ajuda a controlar seu apetite. “Detesto malhar e parar de comer. Odeio tudo isso, mas não tenho saída”, conforma-se Taís, que não vê a hora de voltar a assumir seu posto de apresentadora do “Superbonita”. “Deu uma dor gigantesca ter de largar aquele osso. Queria conciliar com a novela, mas disseram que eu era louca e que teria uma estafa”, lamenta.
Em meio a tantos esforços, dar vida a uma modelo não parece algo difícil. Taís estava ambientada nesse universo, ela começou a carreira trabalhando como modelo, aos 15 anos. “Esses dias, uns amigos me fizeram assistir ao filme ‘Top 25 - Um Conto de Fadas Brasileiro’ (do diretor Richard Luiz). É ótimo, mostra a Gisele Bündchen, Ana Claudia Michels, todas as tops brasileiras de sucesso e as meninas que estão começando. O dia a dia delas, que levantam cedo, pegam ônibus. Esse filme foi o que realmente me mostrou o cotidiano das modelos. Sabia o que era, mas estava distante há anos. Continua tudo igual, a mesma concorrência...”, confessa.
Para dar mais veracidade a trama, Taís se baseou na Kate Moss. A escolha se deu pela altura. “Eu só tenho 1,60 m. E Kate é uma superprofissional e reconhecida modelo, apesar de ser baixinha. Ela tem atitude na passarela, nas fotos, chegou a ser a segunda top mais bem paga do mundo e ainda hoje trabalha com o sucesso que teve na década de 90. Ela é a única desta época que ainda continua fazendo campanhas importantes”, defende.

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